Um herói da resistência brasileira, poeta, escritor, amante da música e da arte. Um homem em busca da harmonia e da paz. Um ser humano muito simples, que valoriza o significado profundo da vida. Para mim, a humanidade ganha sentido na fraternidade. O amor é a própria divindade.
sexta-feira, 25 de janeiro de 2013
Súplica da natureza
Eu sou a última folhagem.
Depois não haverá mais nada.
Mas faça do que restou de mim
sua última roupagem.
Eu sou o último animal.
Este rosnar espremido
poderá ser sua última canção
na hora da despedida.
Eu sou o último céu.
Depois de mim, nada haverá
sobre todos como véu.
Nem haverá nenhum mar
para expandir e beijar
a borda do meu chapéu.
Nenhum sol outra vez brilhará.
Pode esconder seu guarda sol.
Eu sou a última chuva
e nunca mais outra cairá.
Também não haverá ninguém.
Ninguém para me esperar.
Eu sou o último pássaro
e não haverá outro a voar.
Nem guarde este pleno voo,
pois não haverá como guardar.
Eu sou a última árvore.
Não terá outra no lugar.
Não faça nada de mim,
não terá tempo de usar.
Eu sou o último rio.
Não haverá outro a margear.
Não beba de minha água.
Minha água pode matar.
Eu estou no fim.
Você está no fim.
Estávamos juntos desde o começo.
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