sábado, 21 de janeiro de 2012

EIN SOFT

Adentro pelas salas do casarão
da poesia, para ser mais simples.
Para não ter a necessidade de dar
o outro lado da face, pura hipocrisia.
Possso virar-me ao avesso à vontade.
Em vez de assumir-me como humanidade,
eu sou apenas o passar dos dias.
Em vez de misturar-me ou unir-me ao universo,
visto a forma imperceptivel dos números.
No lugar dos discursos megalomaníacos,
revivo a unidade das humildes sílabas.
Ante o esplendor dos mistérios, não
avanço além dos signos.
Diante do espetáculo divino, me contento
em brincar com os mitos.
Pois, em verdade, em verdade vos digo,
que os dias passam e não passam,
enquanto as coisas transpassam a si mesmas.
Os números fingem ir ao infinito e não
há mentes que os captam.
As sílabas se contraem quando se expoem,
mas se diluem sem ser notadas.
Os signos reluzem enquanto se escondem
sob seus sóis.
Os mitos perduram sem ranger seus ossos.
Tenho consciêcia que os dias não contam
seus dias;
os números nunca ultrapassam os onze e
retornam ao nada, para ganhar fôlego em
sua expansão;
as sílabas se juntam sem egoísmo para
compor a sinfonia da linguagem;
os signos não se escondem em lugar algum
e não caem na ilusão do espaço e do tempo;
os mitos tecem os seus berços com as fibras
das essências originais.
Por isto, todos eles são os únicos que permanecem!
É por isto também que habito o casarão da poesia!

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