Tatagiba me ajudou a conhecer a genialidade de Carlitos. Por ele, compreendi que aquele vagabundo era nós mesmos. O seu andar de pobreza numa roupagem society desbotada foi o que fizeram de nossa alma e de nossa juventude. Não tínhamos armas para enfrentar a agressividade de nossos inimigos vestidos de casacos verdes. Só tínhamos pedras e paus. Adentramos pelo cinema mudo, pois era a característica de nossa fala. Abria um horizonte de possibilidades para comunicarmos sem o risco da censura. Talvez foi por este vilão que aprendemos a escrever com elegância e sutileza. Cala a boca estudante! Tinha tudo a ver com a mudez do cinema chapliniano. Desta forma caminhávamos pelas LUZES DA CIDADE sem que corrêssemos tantos riscos, pois podíamos driblar pelas ruazinhas colaterais e pelas escadarias vazias a nossa corrida perplexa.
Assim passávamos pelas engrenagens dos tanques de guerra naqueles TEMPOS MODERNOS e vorazes. Não era a época de pintar a face de verde e amarelo pelas mãos de mamães dengosas. Sem mãe e sem pai, pintávamos de fuligens, de cinzas dos ressuscitados e do pó sangrento daquela tortuosa realidade. Éramos também esquerdistas, comunistas por sermos democráticos e críticos do capitalismo selvagem. Perseguidos pelo SNI braço direito da CIA e do FBI. Adentrávamos pelo humor negro e estávamos também em uma lista de malditos. Do outro lado os militares, os racionais e a imprensa marron. Saímos a correr pelo mundo como Carlitos por um saloon dando olé em gigantes.
Prof. José Luiz Teixeira do Amaral
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