Após as abordagens kantianas com respeito à Estética Transcendental, vamos agora analisar a Analítica Transcendental. Na primeira analisamos a primazia do espaço e do tempo para o conhecimento, agora analisaremos a primazia do indivíduo através dos juizos sintéticos a priori, para compreender as diferenças dos fenômenos, suas causas, efeitos, transformações, leis, o porquê de nós termos certeza a priori dos objetos reais.
Temos consciência prévia de que há transformações na natureza, de que há trocas, mudanças, gerações, causas, efeitos, leis, propriedades,que não existem por acaso, mas tem leis próprias, propriedades, que podem ser resumidas em fórmulas matemáticas, ações e reações mutuamente produzidas, cujas fórmulas sintetizam realmente como elas são ou como se desenvolve todo o processo de sua existência.
As causas, as essências das coisas que são possivelmente reduzidas nas fórmulas, não nos são enviadas pelas coisas, mas são intrínsecas em nós mesmos. Nisto reside o conhecimento a priori da física.
Então é preciso recorrer a Descartes, o qual Kant conhecia profundamente, para entrarmos em sua obra da dúvida metódica. Descartes começa seu trabalho científico duvidando de tudo. Descartes teve uma educação jesuítica que era a melhor em sua época, mas baseada no conhecimento antigo aristotélico/platônico, ultrapassado pela revolução cultural a partir do século XV. Descartes começa duvidando dos mestres que o ensinaram. Todos nós sabemos que o conhecimento de sua época era baseado no aristotelismo e platonismo. Com a revolução da ciência moderna feita por Galileu, caiu por completo o pensamento antigo. A Física de Aristóteles, por exemplo, tornou-se ingênua. O desenvolvimento das grandes navegações, o surgimento do protestantismo, o antropocentrismo, a revolução astronômica de Copérnico, a física de Galileu, mudaram o mundo por completo e levou os pensadores a serem mais cautelosos, porque a mudança de paradigmas foi total: a terra deixou de ser plana, tornou-se redonda, não era mais fixa, agora movimentava-se em torno de si e do sol, não era o centro do universo, mas apenas um astrinho a mais no meio de milhões, o teocentrismo (Deus no centro) cai em ruínas cedendo lugar ao antropocentrismo (homem no centro), aparecem outras civilizações,enfraquece o poder papal, estuda-se as leis do movimento, da pressão atmosférica, explodem as idéias do renascimento em todas as áreas do conhecimento.
Descartes vive ardorosamente este momento e representa o epicentro da dúvida. Ora, ele havia estudado com os mestres que sustentavam o passado inocente e ingênuo do conhecimento. Vendo a responsabilidade sobre seus ombros, ele inicia o lapidar de um novo pensamento.
Então começa a duvidar de tudo. Duvida que seu corpo é como ele vê. Que as coisas aqui fora são como aparecem. Ele sabe que um pedaço de madeira dentro d'água fica retorcido e fora d'água fica diferente. Percebe que estamos mergulhados em um ambiente múltiplo a partir de nós mesmos que pode modificar a essência das coisas. Intui que o cérebro humano não necessita de ver imagens para produzi-las. Uma prova disto é que quando sonhamos, estamos trancados dentro de um quarto e no entanto caminhamos por praias, lugares, saltamos, conhecemos outras pessoas, etc. Ele mesmo pergunta se nós estamos acordados ou se estamos saindo de outros sonhos! Mas chega um momento em que ele reduz a dúvida de tudo ao máximo: só não pode duvidar de que esteja pensando. Então proclama "Penso, logo existo!", em latim Ergo cogito, Ergo sum, provando a existência do "EU".
Porém, não que ele negue a tudo. Ele diz que você pode pensar tudo, e que daquilo que você pensa, algumas coisas podem existir ou não, mas ninguém pode negar que você esteja pensando e só há validade de realidade, naquilo que seu pensamento credita(dá crédito) existir. Se você pensar num touro com asas voando, seu pensamento vai provar por si mesmo que isto não existe na realidade. Seu pensamento é a máxima autoridade da validez ôntica das coisas. Assim, somos formuladores de juízos. Então tudo o que é possível de validez dentro da realidade, tem que passar pelo crivo de nossos juízos. Kant se baseou demais nisto! Quando digo que "X" é verdadeiro, foi porque correlacionei "X" com outros fatores, sejam eles "Y", "Z" estabelecendo aí raciocínios conectivos que me levaram à consequência do resultado "X". Pois bem, a função racional, intelectual dos juízos me permite desvendar as leis ontológicas dos objetos! Sou "eu" que percebo as leis universais e não são os objetos que me fornecem estas leis.
Para continuar este artigo, escreveremos outro sobre a lógica formal de Aristóteles e o complemento que Kant faz classificando categorias sobre os juízos da lógica formal. Obs.: Nós não podemos jogar Aristóteles todo fora, mas a física aristotélica caiu por terra com a física de Galileu, Newton, Einstein, Física Quântica, Teoria das Cordas, etc. Ainda tem uma turminha que está com os conceitos da física aristotélica, outra com a física das cordas em diante. É desta última vertente que sairá a possibilidade de se descobrir uma nova forma de energia totalmente diferente da originária do petróleo, que é a retirada da força atômica do átomo de hidrogênio. Nesta época, haverá nova mudança de paradigma no Planeta, porque as rédeas do poder sairão das mãos atuais e vão passar para outras mãos e também haverá a possibilidade de se viver um novo tempo.
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