sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

VOCÊS SÃO 10 ! FELIZ 2011 - RETOMADA DE CONSCIÊNCIA

Eu prometo em 2011, ser 10:
10 em olhar com bons olhos ao meu próximo, porque ele é meu irmão;
10 em ouvir com bons ouvidos as mais belas canções, porque elas fazem bem à alma;
10 em falar palavras boas, porque a palavra tem poder;
10 em continuar usando meus braços para um aperto de mão, para abraçar ao que sofre e para nunca dar adeus;
10 em usar minhas pernas para continuar a caminhar no bom caminho;
10 por inalar o perfume das flores, porque é a essência maior da natureza;
10 por trabalhar para o bem supremo da humanidade, porque a ela pertenço;
10 por fazer o que gosto, porque escrever foi o dom que Deus me deu;
10 por saber que minha janela se abre ao mundo e que as outras janelas também se abrem para o mundo;
10 para todos vocês, porque vocês são 10!

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

VIVA A MÚSICA

Alguém me perguntou qual a razão que me faz gostar tanto de música. A minha resposta foi rápida: PORQUE TUDO É MÚSICA! EM MAIOR OU MENOR GRAU, TUDO É MÚSICA!
Bem que diziam nossos antigos irmãos de Essen: EM TUDO HÁ MÚSICA. O universo é um teclado cósmico. A variedade de coisas está conforme a sinfonia tocada. Até uma pedra é uma nota musical. As diferentes pedras são variedades desta nota. Cada reino da natureza é uma partitura. As diferenças são as intercombinações das notas musicais. Quando destruimos uma parte da natureza, destroçamos um grupo da orquestra. Porém, o maestro continua a reger sem parar.
Cuidado com quem não gosta de música. Com certeza ele está desconforme com a natureza. Quando você quiser conhecer as pessoas, coloque músicas para elas ouvirem e perceberá pela qualidade delas, como suas almas estão afinadas ou não.
Você conhece uma geração pela música que ela ouve. Por aí, pode-se prever o futuro de uma Nação.
TUDO É MÚSICA. QUANTO MAIS BELA, MAIS PERFEITA, MAIS SINFÔNICA FOR, MAIS VOCÊ ESTARÁ PERTO DO REGENTE UNIVERSAL.

domingo, 24 de outubro de 2010

A PRIMAZIA DA RAZÃO SOBRE A RAZÃO PURA TEÓRICA - KANT X - ÚLTIMO ARTIGO

Com este último artigo, fechamos o trabalho sobre Kant e você tem em suas mãos um compêndio que lhe dá condições de entender o pensamento desta grande mente filosófica da humanidade. Lembro que é um resumo homeopático de uma obra vastíssima e de dezenas de anos do trabalho intelectual de Kant, mas que leva à compreensão de um pensador que não é fácil de ser compreendido pela simples leitura de seus livros.
Justapondo a lei moral de um lado e a vontade pura do outro lado, estamos diante da autonomia ou heteronomia da vontade. Os princípios da moralidade que se ajustam aos conteúdos empíricos da ação, embasados nas éticas, mandamentos, castigos, penas, recompensas, etc. são heterônimos. A lei puramente formal que não se origina em conteúdos empíricos, mas que tem seu privilégio no lugar da consciência é autônoma. Este é o lugar psicológico, o reino da moral, o porquê da conduta moral, a voz da consciência. Kant: "age de tal maneira que o motivo, o princípio que te leva a agir, possas tu querer que seja uma lei universal".
Das condições da ciência extraimos as condições do conhecimento e das condições da lei moral as nossas condições de agir. As condições do conhecimento dependem do espaço/tempo/categorias, etc. em prol dos fenômenos internos, mas as condições do agir não dependem exclusivamente disto. Aí está a grande genialidade kantiana. É o mundo das realidades supra sensíveis, inteligíveis, em outra dimensão da consciência, num lugar incognoscível, tendo nosso eu duas formas: um eu conhecendo a natureza e um eu supra sensivel, na dimensão da consciência moral.
Neste momento penso uma coisa: não é em vão que criaram a Bioética! Dá para entender cientistas fazendo adubos químicos, armas nucleares, cientistas submetidos à indústria farmacêutica que te repara um fígado ao mesmo tempo que te arruina os rins, etc.? Este é o postulado da liberdade quando o homem não se rende ao mundo sensivel e reina no mundo supra sensivel, que é o lugar psicológico da consciência moral.
Quando você escapa do mundo das formas, do sensivel, do tempo, do espaço, das categorias, das causas e efeitos, das idéias do princípio e fim, do corpóreo versus anímico, você entra no reino da imortalidade do mundo supra sensivel da consciência psicológica moral. Isto é o que Kant chama de santidade. Não deixa de ser uma crença inabalavel na imortalidade da alma.
Com a liberdade moral, com a imortalidade, extinguindo o abismo que há entre o ideal e a realidade compreendemos a Deus. O mundo fenomênico de causas e efeitos que se afunda na tragédia humana da maldade e da injustiça se equipara ao distanciamento de Deus. A supra sintese que pretende reunir em nós o ideal ao real é a idéia de Deus. A razão prática nos conduz às verdades da metafísica. A razão teórica está a serviço da razão prática, sendo um trâmite entre o mundo fenomênico e o lugar psicológico da moral, uma passagem do mundo fenomênico ao mundo essencial supra sensivel das almas, do universo e de Deus.

KANT / IX - IMPERATIVOS HIPOTÉTICOS E IMPERATIVOS CATEGÓRICOS.

Se falei em boa vontade, então existe a má vontade? Em que consistem estas vontades? Todo ato voluntário se apresenta à razão em forma de imperativo. Isto tem que ser feito, não é certo fazer aquilo, cuidado com esta ação, todas estas reflexões surgem na consciência em forma de imperativos: hipotéticos ou absolutos. A lógica formal do imperativo hipotético o submete a uma condição:"se queres aprender esta matéria, estude muito." Ele não é absoluto, não é incondicional, porque já diz "se queres", assim como outros imperativos hipotéticos.
Mas examinemos agora os mandamentos morais: "honra teu pai e tua mãe", "ame tua terra natal", "não matarás", "não furtarás", etc. Eles são categóricos, pois a imperatividade não requer nenhuma condição. Eles nascem dentro da própria vontade humana. Pertencem ao campo da moralidade e não da legalidade. Nem tudo que está dentro da lei, ou da legalidade, também está dentro da moralidade. O que você faz de acordo com a lei é porque você se ajusta a ela. Vou aqui dar um exemplo muito prático. Em 1885 era legal(dentro da lei), aqui no Brasil você possuir escravos. Mas não era moral. A partir de 13 de maio de 1888, com a Lei da Alforria(Lei Áurea) era ilegal você ter escravos. E nunca será moral ter escravos. Imagine você, quantas leis temos por aí que são legais e não são morais. Quer saber de uma? A Lei do Salário Mínimo! Você sabe quanto ganha um vereador, um deputado, um senador que não protesta contra esta lei? Mas isto é outra história, não é? Então vamos continuar com Kant, conforme propomos.
Um ato que você faz porque quer ter recompensa ou evita um castigo, não está assentado na lei moral. É um imperativo hipotético, não é um imperativo categórico. O imperativo categórico ouve a voz da consciência. A sua vontade só é pura, moral e terá validez, se ouvir esta voz e refletí-la em suas ações.
Em fórmula lógica diremos: toda ação tem uma matéria (aquilo que você faz ou omite) e uma forma (o porquê se faz ou porquê se omite). Uma ação será pura e moral não só pela grandeza do conteúdo, mas pela voz da consciência em torno do dever.
A famosa fórmula kantiana do imperativo categórico ou da lei moral/ universal é esta: "age de maneira que possas querer que o motivo que te levou a agir, seja uma lei universal".
Vou dar um exemplo muito simples, embora existem milhares de outros: você tem um amigo nas últimas no hospital. Hoje é domingo e joga flamengo e vasco. Você é flamenguista doente. Seu amigo quer se despedir de você. Ele é doente terminal. Ou você faz sua vontade humana de assistir ao jogo, ou você vai pela lei moral/universal. Uma coisa é ser hipotético, outra coisa é ser categórico.
Categoricamente falando eu sei que você iria. E não iria contra a sua vontade, pois seria hipotético!

sábado, 23 de outubro de 2010

RAZÃO PRÁTICA OU CONSCIÊNCIA MORAL (nous practikós) DE KANT. kant VIII

Se Kant vê a metafísica impossivel como conhecimento científico, teorético, especulativo, não quer dizer que não haja outra via para chegar a estes conhecimentos metafísicos. Se estes caminhos não seriam os do conhecimento teorético-científico, quais seriam então? Se nós pensarmos que o imenso campo de atividades humanas não é apenas o campo do conhecimento, já daremos abertura para isto. Nós estudamos, corremos, brincamos, construimos, instituimos sistemas políticos, religiosos, etc. somos múltiplos em nossas ações. Nós temos uma consciência moral que tem alicerces tão fortes como os do conhecimento. Temos juizos morais tão válidos como os juizos lógicos do conhecimento. Para Kant nós temos a razão prática que é a consciência moral uma forma de se chegar ao conhecimento da metafísica, com a razão aplicada à ação, à prática, à moral. Assim temos os qualificativos morais: bom, mau, moral, imoral, meritório, pecaminoso, etc. Estes qualificativos que aplicamos às coisas não são inerentes em si das coisas. As coisas não são boas nem más. Só o homem pode ser bom ou mau, então estes qualificativos vem do homem mesmo e são formas através das quais analisa as coisas, são estruturas internas humanas. A vontade humana é quem faz a distinção do que é bom ou mau. Continuaremos em próximos artigos.

KANT COM SUA CRÍTICA PRETENDE DESMASCARAR A METAFÍSICA DE SUA ÉPOCA - KANT VII

Se as nossas vivências ocorrem dentro do tempo e não tem como extraí-lo para considerá-las e levá-las a um ponto máximo num salto além das séries das sintetizações, como poderemos ter uma idéia da alma? Não podemos sair do trilho do tempo, nem abdicar dele em nossas vivências e não temos como chegar a uma idéia concreta de alma. O tempo junto com o espaço é a primeira condição do conhecimento. Erra a psicologia em jogar a alma fora do tempo e do espaço para conhecê-la.
A outra questão kantiana sobre a metafísica é o problema do universo que vai cair em antinomias.
Primeira antinomia: tese: o universo tem um princípio no tempo e limites no espaço: antítese: o universo é infinito no tempo e no espaço. Segunda antinomia: tese: tudo quanto existe no universo está composto de elementos simples; antítese: aquilo que existe no universo não está composto de elementos simples, mas de elementos infinitamente divisíveis; terceira antinomia: o universo deve ter tido uma causa que não seja por sua vez causada; antítese: o universo não pode ter tido uma causa que não seja por sua vez causada; quarta antinomia: tese: nem no universo nem fora dele pode haver um ser necessário; antítese: no universo ou fora dele há de haver um ser necessário(ser necessário e causa dá no mesmo! as duas últimas antinomias se correlacionam!).Como se vê a razão acerca do universo em si afirma e nega. Onde está a falha, o erro da razão? É porque se está tomando o tempo e o espaço como coisas em si mesmo e não como modos de conhecer. Então procura-se discutir estas questões de início e fim. Tomando-os como coisas em si e não como formas de cognoscibilidade cometemos um grande erro, assim as duas primeiras antinomias são falsas. Nas duas últimas antinomias as teses são verdadeiras porque buscam o mundo fenomênico enquanto as antíteses buscam o noumenon(coisa em si) poderão ser verdadeiras se houver uma outra forma de conhecer em nossa consciência humana. As teses seriam válidas para as ciências físico-matemáticas e as antíteses para as ciências metafísicas, digo, se houver em nossa consciência uma via para o conhecimento que não seja a do conhecimento científico. Será que existe na razão esta possibilidade? Por Kant, creio que não!
À questão da existência de Deus, Kant agrupa tres argumentos: o antológico, o cosmológico e o físico-teológico. Kant busca Descartes e Santo Anselmo:"...eu tenho a idéia de um ser, de um ente perfeito; este ente perfeito tem de existir,porque se não existisse faltar-lhe-ia a perfeição da existência e não seria perfeito..." Kant rebate: para dizer que uma coisa existe preciso de correlacionar sujeito cognoscente com fenômeno cognoscido e como vou fazer isto se o objeto deus não se revela ou se apresenta às nossas sensibilidades? Na idéia cosmológica Kant critica o fato de deter-se em deus/causa-incausada depois de uma sucessiva série de efeitos e causas, detendo repentinamente a aplicação da categoria causa/efeito sem motivo algum. Quanto ao argumento físico-teológico, Kant critica o princípio da finalidade deste argumento, na questão de querer justificar o maravilhoso que há nas coisas, como por exemplo a possibilidade de vermos, ouvirmos, a maravilha da natureza, etc. como se tivesse uma inteligência criadora organizando estas estruturas. Para Kant, este raciocínio tenta ultrapassar os limites da experiência. Kant afirma que a metafísica quer conhecer o incognoscível. Quer ir além dos limites da experiência, o que não é possivel. Quer ir no âmago das coisas em si, cometendo erros gravíssimos com idéias a respeito da alma, do universo e de deus. Porém, Kant toma uma vereda lateral e busca na razão prática, na moral, uma saída especulativa para resolver este problema da metafísica. Veremos em próximo capítulo.

DIALÉTICA TRANSCENDENTAL DE KANT - VI

Se para Kant só há o objeto a ser conhecido nas possibilidades do sujeito e só há sujeito cognoscente representando fenômenos de objetos conhecidos, como fica o conhecimento da alma, do universo e de Deus,na visão Kantiana?
De antemão vemos uma impossibilidade de conhecê-los, pois pelo estudo da estética e da analítica transcendental, só podemos conceber objetos perantes a sujeitos cognoscentes, mesmo assim percebendo-os como fenêmenos e não como são em si mesmos.
Para Kant o conhecimento se dá diante de dois grupos: um grupo formal composto de espaço, tempo e categorias ante os elementos materiais ou de conteúdo, que é o grupo da percepção possivel ou da objetividade sujeitado ao espaço, tempo e categorias.
A metafísica pretende dar um salto sobre esta única forma de conhecimento, acima do espaço, do tempo e das categorias, apreendendo materiais em si mesmos, portanto onde está seu pecado mortal, sua falha? Por onde se iludiu a chegar em coisas em si mesmas, através da razão?
De imediato sabemos que não tem condição de irmos além da percepção sensivel para chegarmos a esta idéia. A alma, o universo e Deus ficam além da percepção sensivel dos moldes do espaço, tempo e categorias. Podemos perceber uma vivência, outra vivência, vivências passadas. Podemos perceber uma mesa, árvores, carros, planetas. Mas como vamos perceber a alma em si, o universo em si e ainda um Deus?
A razão tem poder de síntese sim, de julgamentos, de unificar relações entre objetos. A metafísica está dentro do campo onde a razão infinitamente sintetizando, na totalidade do univel, sendo estas sínteses totais o objeto da metafísica. Todas as modificações que vivemos nos leva a uma síntese suprema de alma. De todas as contraposições do eu pensante relacionado aos fenômenos representados, sintetisa-se a noção de universo. Deus passa a ser a síntese unficadora de tudo isto, da alma e do universo, condição metafísica da razão. A estas unidades supremas de alma, universo e deus, Kant chamou de idéias, sendo uma possibilidade metafísica da razão.
Portanto a razão não age adoidamente, ela dá uma salto acima da tendência infinita das relações de causa/efeito e outras relações provocadas pelas cognoscibilidade e salta sobre a tendência desta série infinita e chega a um ponto de unficidade suprema à idéia de alma, universo e deus. Mas continuaremos este papo um pouco mais em outros capítulos.

terça-feira, 12 de outubro de 2010

KANT: em vários artigos faço uma síntese de diversas obras e dezenas de anos de trabalho intelectual de Kant.. Eles nos ajudam a compreender o universo.

KANT V: a partir da lógica formal de Aristóteles, os juízos, as categorias e o sujeito cognoscente, o "eu cognoscente"

Aristóteles dividiu os juízos conforme quatro modos: segundo a quantidade, segundo a qualidade, segundo a relação e segundo a conformidade(quantidade/qualidade/relação/conformidade), sendo que cada um deles se divide em três tipos de juízos.
Pela quantidade os juizos podem ser: individuais, particulares e universais. Se digo que x é y, isto é "Pablo é espanhol", o juízo é individual.
Se digo alguns x são y, o juízo é particular. Se digo que todo x é y, o juízo é universal. Pablo é espanhol(individual); alguns Pablos são espanhóis(particulare); todos os Pablos são espanhóis(universal).
Pela qualidade os juízos são afirmativos, negativos e infinitos. Se digo x é y (caso do Pablo é espanhol), é de qualidade afirmativa. Quando não predica o predicado do sujeito, por ex. "a matemática não é fácil...", o juizo é de qualidade negativa. Quando predica do sujeito a negação do predicado, por ex."os carros não são meios de transporte aquático", estamos afirmando que exitem meios de transporte aquático e deixamos em aberto que existem vários tipos de carros. Este juízo é de qualidade infinita.
Pela relação os juízos podem ser: categóricos, hipotéticos e disjuntivos. Categórico: sem condição nenhuma o predicado é do sujeito "o ar é pesado". Hipotético: afirma o predicado é do sujeito sob condição "se X é Y, então é Z... Se Pablo é espanhol, então é europeu". Disjuntivo: quando alterna um ou outro predicado "X é Y ou Z... Pablo é espanhol, francês ou português".
Pela modalidade os juízos podem ser problemáticos, assertórios e apodíticos. Um juízo é problemático quando predica do sujeito um predicado possivel: X pode ser Y. No juízo assertório o predicado se afirma do sujeito: X é Y. No juízo apodítico o predicado se afirma do sujeito sendo necessariamente predicado do sujeito: X necessariamente tem que ser Y(a soma dos ângulos internos de um triângulo tem que ser dois retos, não podendo ter outro resultado de soma).
Kant foi mais além, raciocinando assim: se a cada juízo corresponde uma forma de ver a realidade, a ele adicionando categorias ficarei mais perto de perceber com mais clareza esta realidade, assim a cada juízo vou extrair de forma mais perfeita uma correspondência na realidadel, aperfeiçoando meu ato de julgar.
Assim, os juizos individuais contém a UNIDADE. Os juízos particulares contém a PLURALIDADE. Os juízos universais contém a TOTALIDADE.
Os juízos afirmativos, negativos e infinitos, contém a ESSÊNCIA, no seu sentido de ESSÊNCIA, NEGAÇÃO e LIMITAÇÃO.
Os juízos categóricos contém a categoria de SUBSTÂNCIA com propriedade desta substância. Os juízos hipotéticos contém a CAUSALIDADE de CAUSA e EFEITO. Os juízos disjuntivos contém a categoria de AÇÃO RECÍPROCA.
Os juízos problemáticos contém a categoria de POSSIBILIDADE. Os juízos assertórios a categoria de EXISTÊNCIA. Os juízos apodíticos a categoria de NECESSIDADE.
QUE SENTIDO TEM TODO ESTE TRABALHO DE KANT COLOCANDO AS CATEGORIAS SOBRE OS JUÍZOS DA LÓGICA FORMAL DE ARISTÓTELES?
Agora vem a parte mais importante da crítica da razão pura, o núcleo gerador do pensamento de Kant e que se chama:
DEDUÇÃO TRANSCENDENTAL DAS CATEGORIAS.
Todos estes textos escritos em poucos artigos são uma síntese de várias obras e anos de trabalho de Kant que foram refeitas várias vezes por ele próprio.
As categorias são as condições possiveis dos juízos sintéticos a priori na Física. As condições do conhecimento são as condições da objetividade. Todo o conhecimento matemático, físico, tudo o que o homem acumulou com o seu esforço de vontade, todo o seu conjunto sistemático de teses,como as coisas se movem, as leis de causa e efeito, o aparecimento e desaparecimento das coisas, a inter-relação entre as coisas, como fiel expressão da realidade das coisas, da qual não podemos duvidar, que possuem necessidade e universalidade, são possiveis pelo homem por quais condições?
Sob as condições que existam objetos e que eles tenham um estado de ser(sejam um ou múltiplos, reúnam-se ou não em totalidades, sejam substâncias com propriedades, tenham causas e efeitos, efeitos com causas, ações e reações,...), ou seja sem estas condições do estado de ser das coisas, não haveria conhecimento.
Mas sendo que as coisas só nos enviam impressões, é óbvio que elas não tem condições de nos enviar julgamentos de unidade, totalidade, pluralidade, ação, reação, causa, efeito, etc. Se ficássemos dependendo das coisas para nos enviar categorias através de impressões, nós não teríamos segurança alguma do conhecimento científico e nem caberia nenhum esforço para produzí-lo. Só se encontra segurança daquele argumento que você alcança por você mesmo, com o seu próprio intelecto.
Então, as possibilidades das categorias que levam ao verdadeiro conhecimento das coisas, somos nós que colocamos nos fenômenos, elas são nossas mesmas, da nossa natureza mais subliminar e íntima, elas são a priori, puras em nós.
Portanto, arregace a manga de sua camisa que você tem condições plenas de descobrir muita coisa com respeito à essência da natureza(em grego physis).
Daí que vem a inversão copernicana de Kant. São as coisas que se ajustm aos nossos conceitos/intuições/categorias e não nossos conceitos que se ajustam às coisas. As categorias são conceitos puros a priori que nós não extraimos das coisas, mas impomos nelas.
O conhecimento aparece quando o homem assume-se como SUJEITO DO CONHECIMENTO. Quando o "eu" quer conhecer, torna-se SUJEITO COGNOSCENTE, imprimindo nas coisas as categorias que são conceitos puros a priori.
Quando o homem começa a perguntar "o que é isto? como funciona isto?", ele deixa de ser um "eu biológico", para ser um "eu superior", um "eu cognoscente". Neste momento o homem ergue-se por cima de todos os animais e todos os outros homens, porque assumiu uma posição de caráter científico. Cresce o "eu" e cresce o objeto, pois um se eleva sobre a humanidade e o outro deixa de ser um esquecimento ou um amontoado de impressões. Quando o "eu" assume as categorias de unidade, pluralidade, totalidade, causa, efeito, substância, e todas estas categorias e entra na relação do conhecimento, o "eu" aproxima-se da unidade do sujeito cognoscente.
Como vimos nestes artigos, a sensibilidade tem duas formas ou estruturas a priori que são o espaço e o tempo. O intelecto tem dozes formas ou estruturas a priori que são as categorias. A unificação da sensibilidade com o intelecto produz o conhecimento puro a priori que temos das coisas.
Em próximos artigos falarei sobre as faculdades da razão e as idéias da razão, porque a razão tem tres formas ou estruturas a priori que são as idéias.

KANT IV : ANALÍTICA TRANSCENDENTAL

Após as abordagens kantianas com respeito à Estética Transcendental, vamos agora analisar a Analítica Transcendental. Na primeira analisamos a primazia do espaço e do tempo para o conhecimento, agora analisaremos a primazia do indivíduo através dos juizos sintéticos a priori, para compreender as diferenças dos fenômenos, suas causas, efeitos, transformações, leis, o porquê de nós termos certeza a priori dos objetos reais.
Temos consciência prévia de que há transformações na natureza, de que há trocas, mudanças, gerações, causas, efeitos, leis, propriedades,que não existem por acaso, mas tem leis próprias, propriedades, que podem ser resumidas em fórmulas matemáticas, ações e reações mutuamente produzidas, cujas fórmulas sintetizam realmente como elas são ou como se desenvolve todo o processo de sua existência.
As causas, as essências das coisas que são possivelmente reduzidas nas fórmulas, não nos são enviadas pelas coisas, mas são intrínsecas em nós mesmos. Nisto reside o conhecimento a priori da física.
Então é preciso recorrer a Descartes, o qual Kant conhecia profundamente, para entrarmos em sua obra da dúvida metódica. Descartes começa seu trabalho científico duvidando de tudo. Descartes teve uma educação jesuítica que era a melhor em sua época, mas baseada no conhecimento antigo aristotélico/platônico, ultrapassado pela revolução cultural a partir do século XV. Descartes começa duvidando dos mestres que o ensinaram. Todos nós sabemos que o conhecimento de sua época era baseado no aristotelismo e platonismo. Com a revolução da ciência moderna feita por Galileu, caiu por completo o pensamento antigo. A Física de Aristóteles, por exemplo, tornou-se ingênua. O desenvolvimento das grandes navegações, o surgimento do protestantismo, o antropocentrismo, a revolução astronômica de Copérnico, a física de Galileu, mudaram o mundo por completo e levou os pensadores a serem mais cautelosos, porque a mudança de paradigmas foi total: a terra deixou de ser plana, tornou-se redonda, não era mais fixa, agora movimentava-se em torno de si e do sol, não era o centro do universo, mas apenas um astrinho a mais no meio de milhões, o teocentrismo (Deus no centro) cai em ruínas cedendo lugar ao antropocentrismo (homem no centro), aparecem outras civilizações,enfraquece o poder papal, estuda-se as leis do movimento, da pressão atmosférica, explodem as idéias do renascimento em todas as áreas do conhecimento.
Descartes vive ardorosamente este momento e representa o epicentro da dúvida. Ora, ele havia estudado com os mestres que sustentavam o passado inocente e ingênuo do conhecimento. Vendo a responsabilidade sobre seus ombros, ele inicia o lapidar de um novo pensamento.
Então começa a duvidar de tudo. Duvida que seu corpo é como ele vê. Que as coisas aqui fora são como aparecem. Ele sabe que um pedaço de madeira dentro d'água fica retorcido e fora d'água fica diferente. Percebe que estamos mergulhados em um ambiente múltiplo a partir de nós mesmos que pode modificar a essência das coisas. Intui que o cérebro humano não necessita de ver imagens para produzi-las. Uma prova disto é que quando sonhamos, estamos trancados dentro de um quarto e no entanto caminhamos por praias, lugares, saltamos, conhecemos outras pessoas, etc. Ele mesmo pergunta se nós estamos acordados ou se estamos saindo de outros sonhos! Mas chega um momento em que ele reduz a dúvida de tudo ao máximo: só não pode duvidar de que esteja pensando. Então proclama "Penso, logo existo!", em latim Ergo cogito, Ergo sum, provando a existência do "EU".
Porém, não que ele negue a tudo. Ele diz que você pode pensar tudo, e que daquilo que você pensa, algumas coisas podem existir ou não, mas ninguém pode negar que você esteja pensando e só há validade de realidade, naquilo que seu pensamento credita(dá crédito) existir. Se você pensar num touro com asas voando, seu pensamento vai provar por si mesmo que isto não existe na realidade. Seu pensamento é a máxima autoridade da validez ôntica das coisas. Assim, somos formuladores de juízos. Então tudo o que é possível de validez dentro da realidade, tem que passar pelo crivo de nossos juízos. Kant se baseou demais nisto! Quando digo que "X" é verdadeiro, foi porque correlacionei "X" com outros fatores, sejam eles "Y", "Z" estabelecendo aí raciocínios conectivos que me levaram à consequência do resultado "X". Pois bem, a função racional, intelectual dos juízos me permite desvendar as leis ontológicas dos objetos! Sou "eu" que percebo as leis universais e não são os objetos que me fornecem estas leis.
Para continuar este artigo, escreveremos outro sobre a lógica formal de Aristóteles e o complemento que Kant faz classificando categorias sobre os juízos da lógica formal. Obs.: Nós não podemos jogar Aristóteles todo fora, mas a física aristotélica caiu por terra com a física de Galileu, Newton, Einstein, Física Quântica, Teoria das Cordas, etc. Ainda tem uma turminha que está com os conceitos da física aristotélica, outra com a física das cordas em diante. É desta última vertente que sairá a possibilidade de se descobrir uma nova forma de energia totalmente diferente da originária do petróleo, que é a retirada da força atômica do átomo de hidrogênio. Nesta época, haverá nova mudança de paradigma no Planeta, porque as rédeas do poder sairão das mãos atuais e vão passar para outras mãos e também haverá a possibilidade de se viver um novo tempo.

domingo, 10 de outubro de 2010

URGENTE: LEIAM O BLOG www.adameveelsalem.blogspot.com, onde o sábio escritor Adameve El Salem conta suas maravilhosas histórias do Oriente Próximo.

KANT III - CONT. ESTÉTICA TRANSCENDENTAL

A Estética Transcendental(doutrina do conhecimento sensivel e de suas formas a priori) é a maneira como o homem recebe as sensações e como desenvolve o conhecimento sensivel.
Neste artigo pretendo explicar os termos ou a terminologia que Kant usa para não confundirmos com nomes usados eventualmente em português.
a) SENSAÇÃO: quando você passa perto de um ferro elétrico e sente o seu calor, quando vê uma toalha vermelha e percebe esta cor, quando come uma cocada e sente seu sabor, todas estas ações que o objeto provoca sobre você, trazendo-lhe uma modificação ou impressão, representam a SENSAÇÃO.
b) SENSIBILIDADE: é a faculdade que temos de sermos modificados pelos objetos quando recebemos as sensações.
c) INTUIÇÃO: é o conhecimento imediato dos objetos fornecidos pela sensibilidade. O intelecto não intui, ele pensa sempre referindo-se a dados fornecidos pela sensibilidade.
d)FENÔMENO(PHAINÓMENON/GREGO): É o objeto como ele se representa em nós, pois nós não captamos o objeto como ele é em si, mas como ele aparece e se manifesta em nós, porque o conhecimento sensorial (a sensação) é uma transformação que o objeto provoca em nós.
O fenômeno consta de matéria e forma. A matéria é a posteriori, pois só é possivel pela experiência, pois é dada pelas sensações ou modificações provocadas em nós (doce, frio, cor, som, etc.) em consequência da experiência, produzidas em nós pelos objetos.
A forma, não vem dos objetos, mas do sujeito. É como se organiza ou como é o modo de funcionamento da nossa sensibilidade, quando recebe os dados sensoriais provocados pelos objetos. Se ela é um modo de funcionamento e de organização da nossa sensibilidade, ela é a priori em nós.
A forma é intuição pura. O conhecimento sensivel em que estão presentes as sensações ele chama de intuição empírica. Porém, a forma, que ele chama de intuição pura, que é como se organiza o funcionamento de nossa sensibilidade, já existe a priori em nós e são duas: O TEMPO e O ESPAÇO.
A partir de Kant, estes dois princípios do conhecimento, deixam de pertencer à ontologia estrutural dos objetos, para serem a priori no próprio sujeito.
Independentes delas já existirem no universo, elas já existem em nós com todas as suas possibilidades, mistérios e enigmas. O espaço abarca tudo o que é externo e o tempo tudo o que é interno. Porém, veja o primeiro artigo, pelas possibilidades matemáticas, o tempo tem uma primazia sobre o espaço. Por isto, eu, pessoalmente, acredito que a matemática tenha condições de chegar aos portais da construção do universo. Não é à toa que os pitagóricos dela se ocupavam.
Nós somos configurados desta forma e outros seres podem perceber a realidade de outras formas. Espaço e tempo não são inerentes às coisas, mas são as formas como nosso aparelho capta as coisas e vê o mundo lá fora. Este espaço e tempo que estão lá fora podem ser de outra forma, pois nosso aparelho a priori joga estas coordenadas no exterior para interpretar o universo e fazer a diagramação dele.
O que não deixa de ser uma ferramenta misturada ao objeto que traz resultados maravilhosos.
A nossa intuição é chamada de sensivel porque tem esta forma a priori de espaço e tempo para configurar as coisas. Só se ela fosse originária (uma espécie de Deus) no momento em que ela cria as coisas é que poderia conhecê-las como são em si mesmas. Em outras palavras a nossa intuição é sensivel não é originária, não é produtora de conteúdos materiais, é apenas formada dentro das possibilidades de espaço e tempo para compreendê-los conforme nossa configuração e não conforme eles são em suas realidades mesmas(noumenon). Interpretados em nosso aparelho sensivel como fenômenos(phainómenon).
Elas são as maiores possibilidades da geometria e da matemática. Todos os juizos sintéticos a priori da geometria dependem de nossa intuição pura a priori de espaço. Posso construir triângulos, por exemplo, em minha intuição e quaisquer outras figuras geométricas com suas intrínsecas leis.
Já o fundamento da matemática está no tempo, a começar pelas operações de somar, subtrair, multiplicar, dividir que são temporais, sem prescindir do espaço. Lembre-se quando escrevi no primeiro artigo que as coisas existem dentro e fora de mim ao mesmo tempo. Ele tem esta especialidade. Veja o primeiro artigo sobre Kant.
Agora vai um conselho: coloque-se a pensar. Quando você pensa, usa o intelecto que se apodera das funções dos conceitos e alcança a unificação e a ordenação de todos os múltiplos da natureza numa representação comum.
Lembra-se que Einstein dizia que o aparelho que ele usava era sua imaginação? Foi com ela que ele sintetizou, unificou e ordenou numa fórmula a teoria da relatividade: E = MC2 (OBS. O ÚLTIMO C TEM UM 2 APÓS, ISTO É C ELEVADO AO QUADRADO).

sábado, 9 de outubro de 2010

KANT / CONTINUAÇÃO II

O pensamento de Kant é importantíssimo para todos nós, independente da profissão que exercemos. Ainda estou falando apenas da forma como Kant explicou a aquisição de nossa fonte de conhecimento. Estou na primeira parte que é a sensibilidade, por onde os objetos nos são dados. Depois falarei no intelecto, por onde os objetos são pensados. A intuição será vazia sem a presença dos conceitos, daí vem o equilíbrio entre a sensibilidade e o intelecto, cuja função é a lógica geral e a lógica transcendental. Mas deixemos o intelecto para depois.
A questão de Kant era esta: de que juizos se vale a ciência? Certamente que de proposições ou juizos universais, necessários e que desenvolvam este conhecimento. Vamos então ver o que são juizos, para encontrarmos os da validez científica.
Um juizo é a junção de dois conceitos, onde um é sujeito e o outro predicado.
a)Se digo "todo corpo é extenso", o predicado "é extenso", torna-se óbvio com o sujeito "todo corpo". Extensão é sinônimo de corporeidade. Este juizo é analítico. Ele é a priori, pois não precisamos da experiência para enunciá-lo. Ele é universal e necessário, mas não aumenta o conhecimento. Necessário é quando não há espaço para a contradição.
A ciência pode usar este juizo, mas não é o seu principal, e não pode ser este juizo analítico a priori.
b)Se digo "todo corpo é pesado", o predicado está acrescentando algo ao sujeito. Pesado não é sinônimo de corporeidade. É um juizo ampliador do conhecimento. É um juizo sintético baseado na experiência. Ele é a posteriori, mas sem universalidade e necessidade. O peso de um corpo pode variar em locais diferentes. Veja que Kant conhecia profundamente o pensamento de Newton e Leibnz. Ele é um juizo sintético a posteriori. Não é o principal juizo da ciência.
c)Quando eu digo 23 + 17 = 40 ou "a reta é o menor caminho entre dois pontos" , "por mais que o mundo se modifique a quantidade de matéria é sempre a mesma", entre outras afirmações científicas, estou usando juizos sintéticos a priori, na base da intuição (veja no artigo anterior intuições e conceitos).
Olhe que interessante: estou usando juizos sintéticos a priori e não a posteriori. Estou unindo a aprioridade com necessidade e universalidade.
Vamos pensar nos fundamentos dos juizos estudados:
a)nos juizos analíticos a priori, o sujeito se equivale ao predicado, então seu fundamento está no princípio da identidade e da não-contradição. Não posso dizer que o corpo não é extenso!
b)O fundamento dos juizos sintéticos a posteriori, já que são experimentais, é a própria experiência.
c)Os juizos sintéticos a priori(os principais da ciência) não conectam predicados iguais ao sujeito, mas diferentes, então não se firmam no princípio da identidade e de não-contradição.
Não se baseiam na experiência porque são a priori e são universais e necessários. E agora, como solucionar a incógnita X, isto é "O que é a incógnita X, na qual se apóia o intelecto quando crè encontrar fora do conceito A um predicado B, estranho a ele e que, apesar disto, acredita estar conjugado a ele?". Responder a esta questão é a alma e o cerne do criticismo.
Vamos lá. A matemática no seu início entre os povos antigos era simplória. Porém, quando Thales de Mileto abstrai a geometria, principalmente na questão do triângulo isósceles, percebe-se que não se apegou na figura exterior dele aqui fora, mas que aquilo brotou dentre dele, de seus conceitos internos, de sua intuição e seus conceitos interiores. Ele não apreendeu leis na figura vista, mas foi uma gestação interna de sua mente que produziu aquilo tudo, que depois se voltava também reproduzido.
A mesma coisa na fundação da ciência moderna. A física ficou aristotélica desde Aristóteles a Galileu (em próxima ocasião escrevo como era a física de Aristóteles, agora o assunto é outro). Porém seja Galileu escolhendo pesos e planos inclinados; seja Torricelli suportando no ar um peso que ele já sabia qual era numa coluna d'água pré determinada, ambos estavam a priori impondo intuição e conceitos da razão sobre a natureza. Era a razão que primeiro movimentava para depois compreender o movimento da natureza. A razão estava fabricando artefatos para mensurar a natureza.
Então Kant fez uma revolução igual a Copérnico com seu pensamento. Copérnico percebendo que a terra parada e o universo rodando em volta dela, não dava para explicar todos os fenômenos universais, inverteu seu raciocínio, colocando a terra em movimento ao redor do sol.
Kant descobre que não é pesquisando os objetos que descobrimos como eles são. Pelo contrário a tomada do mundo externo vai refletir em nós como nós somos em nossas possibilidades, e que conhecemos como fenômenos e nunca saberemos como eles são em sua essência mesma. Os objetos se manifestam em nós pela condição de nossa natureza. Kant dizia que das coisas nós só conhecemos a priori aquilo que nelas mesmas colocamos. Suponhamos que você tem uma máquina fotográfica programada da seguinte forma: toda coisa reta nela se projetaria como sons: toda cor nela seria espaço; todo som nela seria tempo, etc. Agora imagina você fotografando o mundo com esta máquina. Nós somos uma máquina fotografando o mundo. O que sabemos do mundo, que acreditamos que ele seja, são as fotografias que obtemos dele através de nossa sensibilidade e intelecto. Nunca saberemos como ele é realmente. Mas deixo uma coisa em aberto: a razão com suas leis pode alcançar a lógica como o universo é desenvolvido. Neste segredo e nesta mágica nós devemos nos amparar. Você é que vai se aprofundar neste trabalho. Futuramente também vou escrever sobre Parmênides na questão do SER e você vai ficar encantado. Acredito que tanto Descartes como Kant, entre outros, estavam assentados sobre Parmênides e até agora, ninguém percebeu realmente a profundidade de seus pensamentos.
Está demonstrado o fundamento dos juizo sintéticos a priori: é o sujeito que sente e pensa, com suas leis da sensibilidade e do intelecto.
Continuaremos com este assunto de extrema beleza científica.

sábado, 2 de outubro de 2010

KANT I: ESTÉTICA TRANSCENDENTAL / ESPAÇO/TEMPO/GEOMETRIA E ARITMÉTICA

Inicialmente elevo meus pensamentos respeituosos ao grande KANT e a todos aqueles que perceberam sua grandiosidade. Kant trata da ESTÉTICA TRANSCENDENTAL de forma científica. A palavra estética hoje tem sentido de beleza, etc., mas KANT se utiliza da etimologia na sua origem grega AISTHESIS, que é sensação ou percepção, portanto ESTÉTICA é TEORIA DA PERCEPÇÃO ou TEORIA DA SENSAÇÃO. Para KANT, TRANSCENDENTAL está no sentido de como algo seja objeto do conhecimento. O que é o espaço? Você pode pensar o espaço vazio, sem objeto algum, sem nada dentro dele, porém, não poderá pensar objeto algum sem espaço. Veja que o espaço por este tão simples raciocínio não depende da experiência, mas esta depende do espaço. O espaço é puro, isto é, a priori. O espaço não é um conceito. Os intelectuais que fazem conceito do espaço, estão pensando com pernas muito curtas e não se adiantam no caminho do pensamento. Vou lhe mostrar a diferença entre conceito e intuição. O conceito de pedra envolve diversas formas de pedras. O conceito de árvore engloba diversas formas de árvores, etc. O espaço, não é um número indefinido de espaços. Ele é o próprio espaço, único, total, pois os diferentes espaços que conhecemos estão inseridos no grande e único espaço. Por esta razão ele é intuição, porque os diferentes espaços que conhecemos pertencem ao espaço universal, a priori, puro, existente dentro de nós (a priori e puro são sinônimos), por isto ele é intuição pura, a priori. Transcendental é o existente de si por si, transformado em objeto do conhecimento e uma das condições para as coisas serem objetos do conhecimento é o espaço a priori, puro. Subpostos às nossas sensações e percepções temos substratos, noções em nós mesmos, que nos dão condições de compreender as coisas em nós mesmos e uma destas condições é o espaço a priori, uma condição de cognoscibilidade das coisas. Na geometria a realidade se encaixa com a intuição pura, a priori. A figura que você pensa com suas leis geométricas é perfeitamente harmônica com aquela que você traça em seguida. Seria possivel uma aritmética pura, já que é possivel uma geometria pura, conforme a explicação do espaço como intuição a priori(pura) já que suas leis intuidas a priori, puras podem ser transportadas para a realidade? Então incluindo agora a aritmética, será preciso pensar o que é tempo. Ele é a priori, puro, isto é independente da experiência? Temos que ver isto, porque é impossivel tratar da aritmética desconhecendo o tempo. Lembro que puro é sinônimo de a priori. Há um quantum infinito em que as coisas vão se sucedendo e acontecendo sem cessar, elas vão e vem por ele. Este quantum infinito é o tempo. Podemos imaginá-lo ao todo com as coisas acontecendo dentro dele. É possivel percebê-lo grandioso, sem acontecimentos. Mas não é possivel perceber qualquer acontecimento fora dele, sem ele. Caimos na mesma questão do espaço. Podemos imaginar o espaço sem coisas, mas não podemos imaginar coisas sem espaços. Podemos pensar no tempo, mas não podemos pensar em fatos fora do tempo. Tempo é intuição pura, a priori, pois é o grande e infinito tempo. Ele não é conceito, porque conceito como demonstrei acima é uma unidade do múltiplo. Assim, demonstrado está que ele é intuição pura, isto é a priori. Quando somo, subtraio, calculo, conto, etc. utilizo momentos do grande tempo, manejo "antes e depois", "quando e como", "logo e portanto", "como queremos demonstrar", se queremos é porque queríamos, são tempos antes e depois,manipulamos juizos sintéticos e a priori, no campo da intuição pura, porque são várias etapas de tempo, mas do único tempo universal, não de tempos diferentes, porque o tempo é um só na sua extensão, então é realmente intuição pura, a priori e não um conceito. O tempo, a aprioridade e a intuitividade do tempo são as possibilidades dos juizos sintéticos puros na aritmética. Se não houvesse em mim a intuição pura do tempo eu não realizaria a aritmética. Ela não necessita de recursos experimentais para se plenificar, pois tem o tempo como forma de sensibilidade e que depois se transforma em matemática aplicada na realidade. E se depois é observada por um outro na realidade, vai se encaixar adequadamente com sua realidade interior de intuição pura do tempo. Espaço e tempo são formas de sensibilidade, ou seja são modos de faculdade de nossas percepções. O espaço compreende percepção externa e o tempo percepção interna. Mas espera um pouco, o externo é bifacial, pois é presentativo, isto é o que está lá fora e o que é percebido dentro de mim..... ao mesmo tempo, dentro e fora de mim. Esta é a especialidade do tempo, seu grande privilégio de ser uma forma de sensibilidade externa e interna, pois fora e dentro de mim as coisas estão ao mesmo tempo! Este é um passo fundamental para a geometria e a aritmética deixarem comprovadamente de ser ciências paralelas para co-pertencerem, como ciências mutuamente compenetradas. Esta coerência, que não existia na Antiguidade, passa a existir antes de Kant, com Descartes unindo geometria e álgebra, com a geometria analítica, possibilitando reduzir figuras a equações, assim como Leibniz com o cálculo infinitesimal, as questões da lei de desenvolvimento de um ponto em quaisquer direções do espaço, encerrando numa fórmula diferencial ou integral as diferentes posições sucessivas de um ponto independente do percurso. Meu caro, as leis matemáticas são tiradas da cabeça, a priori, puras, independentes da experiência, porque o espaço e o tempo, são suas duas colunas principais, são formas de cognoscibilidade das coisas, ou melhor, condições para entendermos as coisas (mas nunca como elas são na realidade), estruturas a priori que lançamos para fora sobre o mundo, da mesma forma que seus olhos vão iluminando para fora de forma que os entes apareçam, submetidos às suas estruturas internas de tempo e de espaço, mas que nunca saberemos como eles são em si mesmos, sem estes holofotes que lançamos sobre eles. Os objetos se apossam dessas formas (tempo/espaço) que projetamos sobre eles e se transformam em nós, de volta para nós, como conhecimento, por isto não sabemos como são as coisas em si mesmas; só as conhecemos quando jorramos sobre elas as nossas intuições puras(a priori) de espaço e tempo, que não pertencem a elas, são formas de nossas possibilidades do conhecimento. Recobrimos as coisas com nossas intuições puras(a priori) de espaço e tempo e em nós elas são fenômenos, formas de conhecimento em nós a respeito delas. Nunca saberemos como elas são na realidade delas mesmas, sem esta interferência nossa, elas em si são noumenon e em nós atravessadas pelo lançar nosso do espaço e tempo, são fenômenos. É como queremos demonstrar.

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

VOCÊ

De você
tenho saudade,
tenho,
porque não tem
nada neste mundo
que a apague.

De você
tenho lembrança,
tenho,
porque não tem
nada neste mundo
que substitua
seu sorriso
de criança.

Quanto mais
tento te esquecer
mais me lembro de
você.
E não há em minha
mente,
movimento que
me ausente,
do torvelinho
desta dança,
seu olhar,
seu olhar,
seu olhar
sempre me alcança.

CONVITE POÉTICO

Sou poeta,
por isto vos empresto meus olhos,
meu coração e minha alma.
Através de meus olhos podereis ver
o que não percebia antes,
não somente as coisas misteriosas
que permanecem misteriosas,
mesmo após decifradas,
o que não é facil de entender,
porque o poeta não perde tempo
com teoremas e enigmas,
pois deles cuidam os cálculos e
o raciocínio lógico,
mas também de coisas singelas
que vale a pena notá-las, como
por exemplo um sol se pondo, uma flor
pelo canteiro do caminho, um pássaro
cruzando o céu,
do vosso viver cotidiano,
mas que estavam a anos luzes do vosso perceber.
Também vos empresto meu coração,
para sentir o que há de semente no pássaro,
o que há de ninhos trançados nas árvores e o
que há de fonte solar em tudo que há,
mas que estavam tão perto de vós,
que de tão perto se desfaziam ao longe.
Vos ofereço por último a minha alma,
para que possais intuir o ser,
o ser uno e permanente,
que vagueia no colorido do poente,
que esvoaça nos ramos das árvores,
que baila com o abrir e fechar das
asas dos pássaros,
cuja sinfonia vós não poderíeis ouvir
porque lançastes o ser para bem longe de vós.
Sou poeta porque não me afastei desta canção,
deixei que as meninas dos meus olhos brincassem
eternamente de pular corda na linha do horizonte.

domingo, 12 de setembro de 2010

11 DE SETEMBRO SOB A ÓTICA PSICANALÍTICA

A civilização ocidental jamais esquecerá o dia 11 de setembro, o dia que não acabou, após a queda das duas torres gêmeas do world trade center. Seriam os terroristas árabes apenas fanáticos muçulmanos e facínoras alucinados? Será o ocidente tão perfeito e bonzinho como se propõe?
Primeiramente vamos analisar o símbolo torre no inconsciente humano. Em nosso inconsciente bem longínquo torre traz o aspecto da solidão, do isolamento, mas que guarda uma certa segurança e imponência.Esta construção é arquetípica, porque forma sistemas inatos no inconsciente coletivo da humanidade, que por sua vez criam significados interpretativos para o desenvolvimento da psiquê humana. Uma torre em ruínas é interpretada como doenças e crises, portanto se sonhar desta forma, procure fazer uma consulta médica ou observar seus gastos. Nossa tradição religiosa traz a história da torre de Babel. Relata uma época em que os homens falavam a mesma língua e pertenciam a uma mesma raça. Estes homens resolveram fazer uma torre para chegar ao céu. Resultado: IAVÉ confundiu a lingua destes homens, destruiu a torre. Isto significa o seguinte: o homem deve chegar a Deus por seus atributos espirituais e não pelas suas técnicas materiais. Em outras palavras, quando se psicotiza a Divindade, desestrutura-se a linguagem e cria separação interna e externa. Um bom exemplo disto é quando uma parte do povo de Israel, aguardando Moisés descer do Monte Horeb com o decálogo, cria um bezerro de ouro (Boi Ápis) para adoração. Moisés adorava um Eterno sem imagem, sem forma, figura, assim era equilibrado, forte, poderoso. De outro lado, estes adoradores de ídolos que fizeram o bezerro de ouro, psicotizaram a Deus. Tornaram-se fracos e incapazes de alcançarem seus objetivos. Na Torre de Babel foi o mesmo. Quiseram chegar a Deus de forma material, subindo os degraus de uma escada! Também conhecemos a história da Branca de Neve que aos 15 anos de idade sobe em uma torre, certamente que a partir desta idade as mulheres já estão preparadas a encontrar o seu príncipe encantado.
No nosso inconsciente a torre representa o princípio fundamental do universo que é o princípio masculino/feminino gerador do Cosmos. Observem um átomo, por exemplo. Ele tem um núcleo formado de prótons, neutrons altamente concentrado com suas subpartículas e no campo gravitacional externo os eletrons. Esta tensão permanente é a base do funcionamento atômico. A molécula funciona da mesma forma: um centro e um protoplama! A forma da torre é um símbolo fálico e seu recinto mandala um símbolo feminino.
Na antiga Babilônia tínhamos as torres Zigurates, que eram torres/templos. Tudo isto está em nossa memória genética. O mundo islâmico estendeu-se desde o oriente até o Ocidente na Península Ibérica (Portugal/Espanha). Os templos religiosos islâmicos ou muçulmanos são chamados de Mesquita. Toda Mesquita tem uma torre denominada minarete ou almádene, onde todo o dia sobe um religioso o Almuadem para anunciar as cinco oração diárias. Esta torre está viva em nossa memória genética.
As pirâmides também são torres matemáticas e pontiagudas.
Imagine uma criança brincando nos arredores de uma aldeia árabe. Ela escuta uns estrondos fortíssimos. Olha para trás. Vê uma nuvem de fumaça subindo aos céus. Quando volta, no lugar de sua aldeia, de seus amigos, parentes, pais, líderes políticos e religiosos, sua cultura, só encontra cinzas. Sua psiquê interna fica totalmente destruida. Ninguém sobrevive depois de apagada toda a sua rede intrapsíquica de existência. Depois chegam uns terroristas, recolhe as crianças, leva para um albergue muçulmano fanático, treina, oferece armas... pronto: nasceu o terrorista suicida, que já estava morto antes do treinamento. Mas quem são os culpados de tudo isto? São dois os culpados. De um lado o Ocidente, de outro lado a psicotização da religião.
O Ocidente neste caso em que bombardeia aldeias inocentes é um grande culpado. Desde dezenas de séculos atrás o Ocidente saqueia o Oriente. Os gregos com Alexandre Magno e os imperadores romanos devastaram o Oriente. As Cruzadas com a desculpa esfarrapada de libertar o Santo Sepulcro, impulsionadas pelos Papas Católicos, mas que por trás a verdadeira intenção era saquear o Oriente para salvar a falência da nobreza, fizeram uma destruição desmedida e inesquecivel.Os países europeus também saquearam o Oriente. Aqueles povos vêem os povos ocidentais como gênios do Mal. Eles tem razão, mas não justifica a violência e o terroismo.
Por outro lado a psicotização de fanáticos religiosos muçulmanos ou islâmicos, leva à idéia unilateral de que somente a minha religião e o meu deus é o certo. É aquela história que já contei sobre a verdade. Se você acha que encontrou a verdade, acabou tudo. A verdade não é para ser encontrada, é para ser sempre procurada. Aqui no Ocidente também há grande psicotização da religião. Todas estas pessoas que dizem "meu deus me protege... meu deus me lavou... meu deus me livrou...o não sei o quê do meu deus me livrou disto porque está lavado em nome de..." que ficam a todo momento repetindo estas frases, estão doentes e necessitam de um tratamento psicanalítico urgente, pois criaram um deus só para si e não para todos. Ergueram um deus pessoal, embora afirmem que não são idólatras. Estão realmente bastante doentes.
Aquelas torres caindo, demonstram que os terroristas islâmicos não são nada bobos e conhecem profundamente o impacto que isto provoca no inconsciente coletivo da humanidade.
Tanto Ocidente como Oriente precisam de rever seus valores. Os valores do poder, do colonialismo, da psicostização da religião, devem ficar para a pré-história da humanidade. Em seu lugar assentaremos a LIBERDADE, a IGUALDADE e a FRATERNIDADE.
Ressalvo que toda a religião é boa, quando é tolerante. Não importa se for o judaismo, o cristianismo, o islamismo, o xintoismo, o budismo, o hinduismo, ou qualquer outra crença.
O Livro Sagrado de quaisquer religiões é válido como palavra viva do Eterno. Seja o Torah, o Talmude, o Guemarah, a Bíblia Sagrada, o Alcorão, o Gitá, os Upanishads, os Vedas, etc.etc.etc.
Os muçulmanos que conheci não são fanáticos e aprendi maravilhas no Alcorão, assim como no Torah, nos Vedas, nos Upanhishads, na Bíblia.
De um lado temos duas torres caindo entre fogo e fumaças, permanentes em nossas lembranças, de outro lado temos um religioso Almuadem subindo as escadas da almádene para anunciar o verbo sagrado. Tudo isto está fixo nos arquétipos profundos de nossa psiquê, com o símbolo da torre, com os contos de fada, a Bela Adormecida, as pirâmides, os zigurates, a Torre de Babel, o monte Horeb. Entre estas duas margens devemos construir o futuro de nossa humanidade, com todos os nossos livros sagrados. Eu já dei a abertura do primeiro passo, sei que outros também já deram e que você nos acompanhará neste caminho.

terça-feira, 7 de setembro de 2010

SALVAÇÃO / PERDÃO / ISRAEL ETERNO

Por incrivel que pareça as duas palavras salvação e perdão, são irmãs em todos os seus sentidos. É muito comum no contato com pessoas evangélicas, escutarmos esta expressão "estou salvo". Será que ele ficou doido? Vamos ver que não! Por outro lado, há quem diga: "Mudei, não tenho dúvida alguma.Não sou mais a mesma pessoa e serei totalmente diferente daqui em diante, mas tem uma coisa lá no meu passado que ainda me traz profunda tristeza, não sei o que faço com ela!".
Uma outra questão é que significado real tem em ser judeu, ser filho de Israel, ser do povo de Abraão?
Em sua origem grega, salvação, da palavra soteria, significa cura, redenção, remédio, resgate. Pela raiz latina, vem de salus, cujo sentido é melhorar a saúde. Vamos imaginar que agora, neste momento, eu tome tanta consciência de mim, do outro, do universo, da idéia do Eterno, que não há mais como me comparar há alguns minutos atrás quando estava tomando meu café da manhã. A partir de agora, sei que tenho o mesmo rosto, com os traços que chegam da idade, meu corpo é o mesmo, minha forma de andar, de amar a vida, de gostar de caminhar em jardins, de subir em montanhas, etc. Mas... não posso dizer que sou o mesmo! Mudei! Louvada seja esta mudança! O meu olhar não vai mais olhar para mim, como antes. Vou perceber que estas rugas possuem o DNA da minha experiência de vida e que elas são chamas vivas, inclusive como propulsoras de minha transformação.
Com certeza estava no mundo de Malkhuth, mas a minha alma, ou neshamah, em hebraico, ascendeu por graus superiores. Então, não há dúvida que ainda sou um homem, mas não há como escapar, de que sou um homem diferenciado dos outros, pois adquiri um estado de consciência mais elevado. Então diríamos que passei a pertencer ao grupo dos eleitos. Na realidade este é o grande chamado a que todo ser humano deveria ouvir e obedecer. Como dizia Valdik Soriano, "eu não sou cachorro não". Falando sério, sou um ser humano, não sou um cão, nem lobo, gato, etc. sou aquele que pode ouvir uma voz que vem do alto e me elevar em busca de sua palavra, sua verdade e sua revelação.
Daí que vem o mito da Arca de Noé, da saída dos judeus do Egito ou da busca à ovelhas perdidas de Israel. Em outras palavras estou salvo. Pulei para dentro da barca segura, fugi do faraó e fui resgatado pelo meu pastor.
Interessante que a palavra Moisés tem sentido como salvo das águas. A barca também te salva das águas e os primeiros cristãos salvavam-se pelo batismo nas águas. Então estou salvo, quando sou curado, redimido e resgatado. Fui lavado em todas as minhas impureza.
Perdão vem do latim, dar plenamente (per + donare), isto é, doação total. Também pode ser instantâneo. Ao perdoarmos nossos inimigos, no mesmo momento, atingimos um outro estado, diferente do anterior. Já não somos mais um agressor, somos um resgatador. Olhe, resgate, faz parte da obra do Eterno. Se entrei numa atitude de salvador, estou na mesma condição do Divino, cuja ação maior é doar sua luz infinita para que encontremos o caminho de retorno à nossa verdadeira condição humana de que somos filhos de Rashem, o Eterno, Aquele que não tem nome. Ao perdoar aos meus inimigos, sou salvo, sou curado e também curo ao meu inimigo. Participo plenamente do seu resgate. Meu coração está livre, não ficará meis preso a um sentimento vulgar e posso abri-lo de tal forma que seja tocado pela luz maior, que vem de Kether, a Coroa, recebendo luz do mundo de Ein Sof, do qual nada sei e nada poderei saber, mas tenho plena consciência que é do Reino Superior.
Mas o passado, aquela dorzinha que vem de uma atitude minha do passado? Como vou fazer com ela, pois não está mais em minhas mãos, já passou! Olhe, escute atentamente o que vou lhe dizer. Talvez seja uma das coisas mais importantes que já ouviu em sua vida. Você pode sim mudar o passado!!! Sabe como? Ao mudar o seu presente e seu futuro, você muda também o passado!!! Não entendeu ainda? Pelo simples pensamento de que a pessoa que você é agora, não é mais aquela do passado! Aquela pessoa morreu, dela só restam cinzas e lembranças. É salutar que fiquem as recordações, para que você perceba que não é o mesmo!!! Elas funcionam como um parâmetro para demonstrar que houve um homem que nasceu de novo.
Você é judeu, é filho de Israel? Não? pois vos convido a ser agora! Nosso pai Abraão também não era judeu, era persa! Ele era de UR na Caldéia. Depois foi para a Babilônia, hoje Iraque. Abraão fazia ídolos para vender. Um dia, passando perto de uma casa, viu um homem orando a um ídolo para que sua filha sarasse. Nosso pai Abraão ficou preocupadíssimo. Aquele ídolo havia sido feito por ele, com barro mesopotâmico e não tinha poder de curar a nadie! De tanto pensar, sua consciência deu um estalo, explodiu e uma voz falou dentro dela " Eu sou , Eu sou, só Eu sou... IHEVHE!".
Naquele momento, nosso pai Abraão deixou de ser caldeu e passou a ser judeu, palavra que na origem sânscrita, significa "aquele que se separou para seguir ao Eterno". Pois bem, qualquer um de nós, que se separar para seguir a esta voz que vem de Rashem, o Eterno, deixa naquele momento de ser o que é, e passa a ser filho de Israel, do povo separado, da cidade da consciência maior acerca da vida, de si mesmo, do outro e de Deus. Muda todo o seu ser. A questão racial é outra. Hoje se diz etnia, mas dá no mesmo. Por exemplo, em Portugal no tempo da Inquisição, vinte por cento da população era de filhos de Israel, quarenta por cento era de descendentes árabes (Filhos de Ismael, a região da Península Ibérica, ou Portugal e Espanha, foi invadida pelos árabes em 711, por isto o estreito de Gibraltar, tem este nome, em homenagem ao Califa Gibral Al Tarik, todo o Algarves e Andaluzia era árabe), ambos filhos de Abraão, seja da linhagem de Isaque ou de Ismael, ou seja através da esposa Sarai ou da serva egípcia Agar. Isto é uma questão cultural somente, que afeta nos modos de ser de muitas gerações. Havia um ditado em Portugal, assim: "de judeu ou mouro, todos nós temos um pouco!". Mas como filhos da judiaria ou da mouraria, não nos conduz a sermos filhos de Israel. Para sermos filhos do Israel Eterno, teremos que voltarmos ao nosso Deus de nosso coração, aquele que tocou na consciência de nosso pai Abraão, que ele largou tudo e seguiu, para recomeçar sua vida com sua gente em outro lugar, em busca da cidade separada para ele. Israel ou Jerusalém é um estado maior de consciência. Não são pedaços geográficos e sim estados mais elevados da consciência.Esta é a Pátria que você deve levar em seu coração, que fará de sua Pátria onde nasceu, um lugar de paz e de bênçãos. À nossa união com o Eterno, pois esta será a nossa moeda de salvação e nosso caminho pelo perdão.

domingo, 5 de setembro de 2010

CENTRO VERSUS PERIFERIA

Nossa forma social/história de enaltecer um centro diretor fora de nosso mundus vivendus possui raízes antigas de dominação e aculturamento, por onde a nossa razão de constatação de nosso mundo deveria avaliar com lentes mais microscópicas. Estas raízes iremos analisar por etapas, da forma como queremos demonstrar.
Desde os longínquos gregos, estes viam seus cidadãos como verdadeiros protótipos humanos em detrimento dos demais, sem nenhuma construção de humanidade como idéia, muito menos aquela que extrapolasse suas fronteiras.
Fora do farol de suas sociedades/estados, seria impossível acomodar quaisquer embarcações culturais... a não ser as freqüentes invasões medos-persas que os assombraram com suas tecnológicas bélicas, mas não os removeram do pensamento mundicentrista.
Esta prova está, quando o macedônio Alexandre Magno invade e domina o mundo grego e adjacências. Os gregos, ausentes de uma idéia única de sociedade, não conseguem sobreviver ao esfacelamento social e nem sob as matizes de outras mesclas culturais, advindas de suas periferias
O caminho estava aberto para os latinos como cultura emergente e por etapas assumem posição hegemônica no mare nostrum (mediterrâneo). Desta vez os filhos do Lácio se julgavam superiores aos demais e a idéia do homem latino imperou por um milênio e meio. Como prova desta tese, a latina foi uma língua mundial na sua época, estando codificada em nossa própria língua por via portuguesa e assim presente nas línguas italiana, francesa, espanhola, etc. transferindo o ancestro de toda a sua cultura.
A nossa península de origem, juntamente com a nossa Mãe - África sucumbiu com nossos antepassados, assim como também sucumbiram as civilizações ameríndias, diante do impacto da visão eurocêntrica. Os iberos e os celtas, seus milenares habitantes, não conseguiram sobreviver sobre o impacto das invasões romanas.
A partir do século V chegaram os visigodos que foram também aculturados aos poucos. Como demonstramos os iberos, os celtas, os visigodos, embora europeus, eram na visão latina, povos de periferia.
Sob este aspecto foram recebidos os árabes a partir do século VIII, junto com os afro-mediterrânicos. Embora a cultura islâmica fosse a mais adiantada daquele momento em matemática, química, astronomia, filosofia, literatura, tecnologia, o que persistiu em sete séculos de luta, foi a visão etnocentrista européia.
Como podemos demonstrar historicamente, o pensamento de dominação está sempre relacionado à lógica de centro versus periferia e dentro de um quadro destes, não seria difícil de perceber, qual seria o destino dos africanos nossos irmãos e dos povos indígenas. Provamos isto, no início de nossa colonização onde a relação comercial é de puro escambo, uma forma vergonhosa de negociação, onde um espelho, aguardente e outros badulaques são dados em troca da mata atlântica, das ervas medicinais, da noética vida adâmica dos brasis que dançavam ao sol e cantavam solenemente sob os mistérios da lua.
Face ao perigo da concorrência de invasões de seus vizinhos estrangeiros, os portugueses buscaram a valorizar suas colônias, ou seja, subjugá-las com mais controle e maior centralização de poder europeu. Então surge uma expansão econômica da circulação de mercadorias, como venho a demonstrar, por uma ocupação de complementação produtiva, onde circulação e produção de atividades coexistem como economias complementares em direção a um centro de decisão: A COROA PORTUGUESA.
Somos, somente através do poder real português, fornecedores de produtos de tudo que houvesse em nossa terra (a terra que tudo dá, conforme a carta de Pero Vaz de Caminha), para satisfazer ao mercado externo português em sociedade com os holandeses, pois neste momento seu comércio desenvolveu dirigido pelos judeus, expulsos de Portugal e Espanha, pela Santa Inquisição aliada a seus Reis.
A presença da Igreja é interessante, também como ideal eurocêntrico, pois participou na expulsão árabe da península ibérica e como a realeza portuguesa vivia esmagada entre a disputa de poderes da nobreza de um lado e da classe administrativa de outro lado, a Igreja se aliou à Realeza, como um terceiro poder, fortalecendo-a e tornando-a imbatível.
Acontece que a economia européia, diante da crise do feudalismo, necessitava de muita concentração de poder e mais do que antes, de um acúmulo de capital e este acima de tudo de um espaço cada vez maior de dominação. Imaginem tudo isto somado ao procedimento europeu de poder através do eixo centro-periferia.
Assim a colônia se transforma em uma refém da metrópole, para a acumulação de capital dentro de um sistema colonialista e mercantilista. Comprova-se assim, o ideal econômico português que não difere do ideal centro-europeu, de exploração total com um caráter centro-periferia.
Não confundamos a colonização americana do norte, como outra espécie de sistema colonial, pois na verdade devemos considerar como resultado de uma crise interna dentro da Europa, devido aos desajustes político-religiosos ocorridos durante séculos, assim como posteriormente ao desarranjo social provocado pela Revolução Industrial. Como colonização de povoamento escapou quando pode de uma intervenção direta da metrópole. De outra forma, no caso da Inglaterra, a imigração inglesa, foi um suportável alívio, face aos excedentes de mão de obra nas cidades inglesas, provenientes destas crises.
Porém, todos nós conhecemos a dominação inglesa no resto do mundo e não cabe a nós aqui, nos determos nesta questão eurocêntrica, uma vez que o enunciado está preso ao nosso modo vivendus brasileiro de ser. Esta análise fenomenológica de nossa sociedade, com o olhar sempre se voltando para a Europa como se fosse superiora a nós, está provada nesta dissertação, como origem numa formação cultural com milênios de existência, que vem se processando desde os antigos gregos até a formação de nosso país, após a invasão de Cabral em 22 de Abril de 1500, prevalecendo com outras matizes nos dias atuais.

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MAÇONARIA E SEUS RITOS

MAÇONARIA E RITOS

SUMÁRIO

1 - A Influencia dos Ritos em Lojas ..............................XX

2 – Os Ritos Praticados no Brasil ..................................XX

3 - A Eternidade dos Ritos e sua Flexibilidade ............XX

4 - A Maçonaria e a Revolução do Pensamento ..........XX

5 - A Maçonaria e o Iluminismo ...................................XX

6 – Maçonaria a Partir do Século XVIII .....................XX

7 - A Maçonaria Continua Viva ...................................XX

8 - Conclusão


1 - A Influência dos Ritos em Loja

Uma discussão freqüente no meio maçônico é se nosso rito, em particular o Escocês Antigo e Aceito, continua íntegro ou está contaminado, por isso decidimos aprofundar um pouco esse tema, começando por definir o que é um rito:

Conceituamos rito como sendo um cerimonial próprio de um culto ou de uma sociedade, determinado pela autoridade competente; é a ordenação de qualquer cerimônia e, por extensão, designa culto, religião ou seita.

Um Rito deve ter conteúdo que consagre algumas exigências bem conhecidas: o símbolo do Grande Arquiteto do Universo, o Livro da Lei, o Esquadro e o Compasso sobre o altar dos juramentos, sinais, toques, palavras e a divisão da Maçonaria Simbólica em três graus. Não há nenhum órgão internacional para reconhecer ritos. Acima do 3º Grau, cada Rito estabelece sua própria doutrina, hierarquia e cerimonial.

Maçonicamente é a prática de se conferir a Luz Maçônica a um profano, através de um cerimonial próprio. Em seiscentos anos de Maçonaria documentada, uma imensidade de ritos surgiu. Mas, de 1356 a 1740, existiu um rito apenas, ou melhor, um sistema de cerimônias e práticas, ainda sem o título de Rito, que normatizava as reuniões maçônicas.

Cada rito possui detalhes peculiares. A linha maçônica doutrinária, em cada Rito, deve ser contínua, dos graus simbólicos aos filosóficos. Cada Rito é uma Universidade doutrinária.

2 - Os Ritos praticados no Brasil

Existem muitos Ritos Maçônicos praticados em todo o mundo. No Brasil, especificamente, são praticados seis, alguns deles reconhecidos e praticados internacionalmente e outros com valor apenas regional. São eles, o Rito Schröeder ou Alemão, o Rito Moderno ou Francês, o Rito de Emulação ou York (o mais praticado no mundo), o Rito Adonhiramita, o Rito Brasileiro e o Rito Escocês Antigo e Aceito (o mais praticado no Brasil) do qual comentaremos, pois se trata do praticado em nossa Loja.

O RITO ESCOCÊS ANTIGO E ACEITO, Começou a nascer na França, quando Henriqueta de França, viúva de Carlos I, decapitado em 1649, por ordem de Cromwell, aceitou do Rei Luís XIV asilo em Saint-Germain-en-Laye, para lá se retirando com seus regimentos escoceses e irlandeses e os demais membros da nobreza, principalmente escocesa, que passaram a trabalhar pela restauração do trono, sob a cobertura das Lojas, das quais eram membros honorários, o que evitava que os espiões de Cromwell pudessem tomar conhecimento da conspiração. Consta que Carlos II, ao se preparar para recuperar o trono, criou um regimento chamado de Guardas Irlandeses, em 1661. Esse regimento possuía uma Loja, cuja constituição dataria de 25 de março de 1688 e que foi a única Loja do século XVII cujos vestígios ainda existem, embora os stuartistas católicos devam ter criado outras Lojas. O termo "escocês", já a partir daquela época, não designava mais uma nacionalidade, mas o partido dos seguidores dos Stuarts, escoceses em sua maioria. Assim, após a criação da Grande Loja de Londres, em 1717, existiam na França dois ramos maçônicos: a Maçonaria escocesa e stuartista, ainda com Lojas livres, e a inglesa com Lojas ligadas à Grande Loja. A Maçonaria escocesa, mais pujante, resolveu, em 1735, escolher um Grão-Mestre, adotando o regime obediencial, o que levaria à fundação da Grande Loja da França (Grande Oriente de 1772), embora esta designação só apareça em 1765. O escocesismo, na realidade, só se concretizou com a introdução daquilo que seria a sua característica máxima, os Altos Graus, através de uma entidade denominada "Conselhos dos Imperadores do Oriente e do Ocidente". Este Conselho criou o Rito de Héredom, com 25 graus, o qual, incorporado ao escocesismo, deu origem a uma escala de 33 graus, concretizada do primeiro Supremo Conselho do Rito em todo mundo. O REAA, por ter sido um rito deísta, não foi unanimemente aceito nos países onde predominavam as Igrejas Evangélicas e vicejou mais nos países latinos onde predomina o Catolicismo. É necessário explicar que atualmente o caráter deísta do Rito Escocês Antigo e Aceito misturou-se ao teísmo, sendo que este acabou sendo predominante. O REAA tem o mesmo forte caráter teísta do Rito de York.

3 - A Eternidade dos Ritos e sua Flexibilidade

A Maçonaria é uma instituição que objetiva a felicidade humana e o aprimoramento moral e ético, dentro das leis do amor, da solidariedade, da lealdade, da fraternidade, da igualdade e da liberdade, que engloba uma visão holística no universo das fronteiras dos credos, das nações e povos.
Este procedimento que vem através dos séculos, se perpetua neste terceiro milênio, se amplia e torna-se protótipo de sociedade humana, num mundo globalizado, ensinando a aprender saber, aprender fazer, aprender relacionar-se e aprender a ser.
Assim, ela se suste nos Landmarks e nos Ritos, porque eles são eternos, não pelo fato de serem dogmáticos, mas acima de tudo, porque por inspiração divina, vieram à luz com as leis perpétuas da flexibilidade, da maleabilidade e da arte dialógica. Esta também é uma forma de arte real, porque funciona na engrenagem da dialética, na tríade da tese, antítese e síntese e assim subsequentemente até atingir ao mais alto grau de perfeição. É como o dom do ouro, que pelo fato de ser dúctil, maleável e flexível, nos permite lapidar jóias e ornamentos do mais excelso valor.

4 - A Maçonaria e a Revolução do Pensamento

Desta forma, a partir do momento em que se ocorrem grandes revoluções no pensamento humano, torna-se mister que se reinterpretem os novos dados significativos, uma vez que a própria física quântica transcende a física de Newton, sem maculá-la e nem abandona o fundador da ciência moderna, Galileu Galilei, do séc. XVII, com sua assertiva de que a leitura do universo se faz pelos caracteres geométricos, e inclusive, avançando mais, no interior deste raciocínio filosófico, o homem não perde sua essência, pela decorrência do avanço da genética, ou da tecnologia de ponta, mudando costumes e ampliando ramos de comunicação.
Imaginemos num passeio histórico, que a Maçonaria avança pelos séculos desde os legendários Cavalheiros Templários, sem perder o conteúdo de sua magia, sem derramar a taça do Santo Graal e sem perder a arte cavalheiresca de seus antigos costumes. Recordemos por exemplo, a época do próprio cientista Galileu citado acima, inaugurando um novo tempo para a humanidade. Com certeza, isto só foi possível com a colaboração dos irmãos invisíveis daquela época, que já trabalhavam em silêncio para abrir novos caminhos e possibilidades para o ser humano.
Vejamos que a tarefa de Galileu não era simples e nem fácil. Ele teve que derrubar o antigo paradigma da ciência, que se baseava nas idéias de Aristóteles, sustentadas pelos dogmas da Igreja Católica de sua época. Era necessário que ele provasse que a Terra era realmente arredondada e que ele colocasse abaixo todo o cosmo aristotélico, de que a Terra era o centro do universo, imóvel e que o mundo supra lunar era perfeito e intocável, enquanto o mundo sublunar era imperfeito. Galileu prova que a Terra é esférica, se move no espaço, não é o centro do universo, que aqui também há leis fundamentais, como a lei do pêndulo, da queda dos corpos no espaço, do início da questão gravitacional, inclusive provando com seu tosco telescópio que a lua, tinha montanhas e vales, com sombras e picos iluminados pelo sol. Todo este trabalho foi possível, devido às grandes idéias dos pré-modernos, anteriores a Descartes, contemporâneos e antes também, de Copérnico, de Kepler que provou que as órbitas celestes são elípticas.
Todo este trabalho foi possibilitado pelos nossos irmãos do passado, que nem sequer ainda eram chamados de maçons, como o caso de Giordano Bruno, queimado vivo por suas idéias a respeito de um universo infinito, gravitacional e cheio de planetas.
Chamamos a este tempo, de um grande período de transformação da humanidade, sendo também que colocamos as Grandes Navegações do século XV e do século XVI, na mesma caravela de mudanças, encorajada também por nossos irmãos do passado, pois as cruzes de malta que estampavam as caravelas são emblemas antigos de um período de nossa sociedade, que continua viva até hoje, porém da forma em que estamos agora, pois sabemos que os Cavaleiros de Cristo que carregavam a cruz de malta, nada mais eram, que os mesmos cavaleiros templários esmagados séculos antes, mas que agora encontraram em outra alegoria, uma nova forma de sobreviver e lutar por seus nobres ideais.
Época em que se debatem idéias antagônicas, como o teocentrismo em face do recente antropocentrismo, porém este último, baseado em novos conceitos, nas mãos dos cavaleiros reais, não jogou de lado a idéia de que o universo é posterior ao Ser, este Ser, mais do que necessário, mas provedor de toda a sabedoria universal, que é o Grande Arquiteto do Universo.
Relembramos que na segunda metade do século XVII, o que impera mesmo é o iluminismo rosacruz, que é o embrião da maçonaria especulativa, portanto, com inspiração hermética e rosacruz, sem perder o rito, cuja verdadeira origem é anterior à civilização latina, pois é sânscrita, vindo de rita, que significa ordem.
Mesmo que naquela época, não fosse chamada de Maçonaria e não tivesse ainda aberta nenhuma loja na Inglaterra ou França, ela sobrevivia pelos atos dos pensadores livres e por uma necessidade também daquela época, de possuir sinais de identificação, toques, palavras secretas. Quantas vezes nós já ouvimos dizer, que Leonardo Da Vinci escrevia textos com um código secreto e que também Galileu o fazia. Todos sabemos que os rosacruzes escreviam em um alfabeto próprio. Portanto a Sagrada Ordem não se retrai em seus conceitos, mas os expande como faróis, em um mundo cada vez mais transformador.

A Instituição maçônica não abandonou seu foco de trabalho, pois se inaugurássemos uma nova ciência, uma espécie de hermenêutica dos ritos, compreenderíamos cada leitura ou releitura inclusa em suas devidas épocas. Sabemos que o desejo da verdade é um sentimento que nos aflora desde a infância. Desde pequenos perguntamos aos nossos pais, porque isto é assim, porque aquilo é daquela forma e somos pesquisadores das coisas que nos rodeiam. Buscamos a compreensão de que tudo é realmente como as pessoas nos informam e somos muito sensíveis aos enganos e mentiras. Está dentro da alma humana a fagulha divina da percepção do mundo. Quando adultos, desenvolvemos ainda mais esta capacidade de buscar a verdade e a resposta às nossas inquietações. Se perguntarmos a todos os maçons aqui presentes, se eles têm alguma dúvida de seu caminho, de suas iniciações, de seu trabalho social, de suas expectativas diante de suas reuniões templárias, todos com certeza afirmarão positivamente que estão muito satisfeitos e com plena consciência de que têm galgado uma evolução espiritual no caminho maçônico. -Quer prova mais evidente do que esta, que nós não abandonamos a essência primordial? Por que esta resposta não vem de seus lábios e sim do mais profundo de vossos corações? Por que nossos atos são sinais de nossas identificações?
Qual é no fundo o sentido principal da busca da verdade? O sentido reside prioritariamente a entendermos com a razão e o coração, o que é o mundo que nos rodeia e quem realmente somos nós, de onde viemos como seres humanos, qual nossa verdadeira missão aqui na Terra e para onde iremos?
Enfim, queremos ser felizes, não termos dúvidas, trabalharmos para o bem e encontrar um sentido para a nossa existência. Nossos ritos nos dão tudo isto e basta vivê-los para compreendê-los. Eles não perderam a noção da senha secreta dos mistérios mais intrínsecos do universo, embora se adaptem em sua natureza externa, eles se coadunam e se correlacionam com as necessidades mais importantes do ser humano.
A nossa sociedade profana não traz condições com suas instituições para complementar tal obra no coração humano. Por mais que a escola se redefine e se reoriente, ela está aquém deste trabalho. Mesmo as instituições religiosas não conseguem atende-lo plenamente, por mais louváveis que sejam,porque elas têm seus dogmas próprios, o que é justo e respeitável. Mas a maçonaria possui as chaves secretas da leitura dos símbolos e enigmas pendurada em um chaveiro universal. O chaveiro pode até mudar em alguns aspectos de seu design, mas as chaves não mudam seus sulcos e estão sempre prontas para abrir os portais dos mistérios.
A nossa consciência é uma verdade sem dúvida e tudo aquilo que nossa consciência aceita como provável após o jogo lúdico da experiência seqüencial, não deixa fresta para incertezas.
A pergunta inicial desta tese merece um aplauso de toda a platéia. Muitas vezes as perguntas são mais importantes que as respostas. Mas uma pergunta de tal magnitude merece uma resposta à sua altura e este é o exercício que estamos fazendo com profunda reflexão nesta tese.
Os ritos não se desviaram dos seus caminhos iniciais, porque eles ainda ultrapassam as barreiras do dogmatismo. O dogmatismo é uma atitude que nos acompanha desde crianças. É aquela crença de que o mundo existe como tal o conhecemos. Se não fosse a dúvida ou estranhamento de muitos pensadores, estaríamos ainda no período paleolítico. Foi o fato de não aceitarmos todas as opiniões e crenças comuns da sociedade e inclusive de nossas próprias idéias, que nos fez chegar à era robótica em que estamos. - Que seria da humanidade se acreditasse apenas no fenômeno? Imaginem o homem que somente crê no que vê. Como é pobre a vida deste homem. É necessário redobrarmos ao que está por detrás do fenômeno. Eu vejo o mundo, mas o que é que está por detrás de cada coisa que vejo? Só quem se debruça sobre a leitura dos símbolos, é que consegue atingir tal plenitude. E não podemos negar que todos estes símbolos ainda estão presentes em todos os templos maçônicos justos, perfeitos e regulares.
Além do mais, uma forma de ser dogmática, ela é ultra conservadora e tem medo de mudanças. Olhem, a Maçonaria é pesquisadora, expansiva e não combate as mudanças que trazem benefícios à humanidade. Todas as nossas lojas são assim e aprendemos assim em nossos ritos. Nós queremos fraternidade, liberdade e igualdade, porque evoluímos sem perder a consciência original.
A idéia que nossa sociedade ocidental tem sobre verdade, foi produzida por três culturas entrelaçadas em nós e presentes em todos os nossos templos maçônicos. Vamos verificar cada uma delas. Em grego, verdade é aletheia, que significa aquilo que não está oculto, que não se encontra escondido, que não se dissimula. Resta-nos então tudo o que aparece realmente e se compreende com facilidade pelo nosso espírito. O falso, seria o pseudos, o que está encoberto, escondido, o que parece que é, mas na verdade não é. Quem conhece algo que experimentou realmente como verdadeiro, não tem dúvida alguma.
Em latim, verdade é veritas, e tem muita relação com o que se relata, se diz, muito próprio dos réus perante os tribunais. Depende da memória, dos valores morais e éticos dos relatos.
Em hebraico, verdade é emunah e significa confiança. Tem a ver com a promessa de que aquilo que nos disseram é realmente como nos prometeram. É buscar um Deus verdadeiro, onde se deposita esperança e confiança. Portanto, se em grego verdade corresponde às coisas como são, em latim, veritas corresponde aos fatos como realmente foram e em hebraico, emunah, de que temos confiança e esperança naquilo que fazemos.
Os nossos ritos maçônicos continuam a se correlacionar com as essências primordiais do universo, sem perder os fatos delas mesmas e sem menosprezar a confiança e esperança no que estamos realizando. Então, eles são perfeitamente verdadeiros.

5 - A Maçonaria e o Iluminismo

Passam-se os séculos e uma grande reviravolta acontece no século XVIII, com a chegada do Iluminismo. Este movimento jamais teria tido sucesso algum, se não tivesse existido a Maçonaria. Só que neste momento, foi possível a abertura de lojas em diversas cidades européias, porque justamente era uma nova etapa da Humanidade. Surgem nomes como Jean Jacques Rousseau, Voltaire, Dalembert, Diderot, Montesquieu entre outros, que com certeza se alguns não foram maçons, todos foram influenciados pelo pensamento maçônico.
O lema da Revolução Francesa era Liberdade, Igualdade e Fraternidade, que são os mesmos da Maçonaria. Alguns despreparados e incautos do século XVIII, poderiam até dizer que os pensadores livres estavam se desvirtuando de seus princípios e que estavam contaminados. Só por não perceber a realidade sócio-política daquela época, onde a necessidade prioritária era a derrubada dos antigos regimes europeus, da libertação das Américas, do fim da escravidão e do assentamento de repúblicas democráticas sobre a face da Terra, que ficou realmente a cabo dos maçons e não dos críticos desinformados.
Nesta antiga maçonaria, relembremos do irmão Francisco Miranda, venezuelano, iniciado por George Washington, que proclamou com Thomas Jefferson e centenas de outros maçons, a independência dos EUA.
Nosso irmão Miranda, continuando os ideais de seu padrinho maçom, iniciou centenas de maçons latino-americanos, providenciando assim a libertação total de toda a América Espanhola. Só para ilustração desta tese, cito nomes como O’Higgins, libertador do Chile, assim como de Simon Bolívar e San Martin, os grandes libertadores, que saíram da grandeza de seu malhete num juramento e numa consagração.
No Brasil, José Bonifácio, iniciado na Europa, D.Pedro I, iniciado no Rio inauguram uma nova época com centenas de outros maçons, pela Independência do Brasil. Este processo culmina no final do século XIX, com a libertação dos escravos e a proclamação da república.
Em todo este período, a Maçonaria se adequou à época, sem desrespeitar ou fugir de seus princípios básicos e sem afastar de seus divinos mistérios e de sua linguagem hermética.
A Maçonaria não é estática, pelo contrário, ela é dinâmica e não se subtrai a um dogma, apenas coloca ritos e símbolos para que o homem os apreenda e perceba. Sendo que cada ser humano é fruto de uma cultura, de um espaço geográfico e de um tempo histórico, cabe a cada um, ao seu modo, extrair destes símbolos e alegorias suas interpretações e seus significados.

6 – Maçonaria a Partir do Século XVIII

Desde quando houve a grande Revolução Industrial no século XVIII, onde o homem deixa um pouco do trabalho manual, para o trabalho operatório das máquinas, em que o mundo sofre pelo impacto das grandes transformações sociais que advém, da transição para uma sociedade fabril, os maçons estão presentes com suas idéias de liberdade, fraternidade e igualdade, se amoldando neste mundo, conforme a linguagem que ele necessita naquele momento.
Um século depois, no alvorecer das luzes do século XX, com as grandes transformações dando início a grandes invenções como a descoberta da luz elétrica, do nascimento da indústria automobilística, do cinema, do telégrafo, do rádio, das linhas férreas, etc., a Maçonaria está também presente, conforme este período histórico.
Observa-se que neste momento são enunciadas duas grandes teses revolucionárias, sendo uma delas a descoberta do inconsciente por Freud e a elaboração da Teoria da Relatividade, por Einstein.
Foram os maçons, os primeiros a compreenderem estas novas idéias científicas, visto que seus estudos de símbolos, mistérios e suas práticas rituais, lhes abriam canais mais férteis para perceberem idéias que já eram correlatas com estudos cabalísticos dentro das lojas maçônicas.
Nestes momentos, a Maçonaria avança e pode até parecer para muitos que não estão atentos, que ela esteja se desviando ou se contaminando, por não compreenderem que no templo maçônico, encontram-se germes atômicos de muitas descobertas que ainda serão colocadas em prática pela humanidade.
Isto comprova que a Maçonaria não transmutou a idéia dos arquétipos fundamentais do Cosmo, como por exemplo, o estudo numérico, o conhecimento da cabala, as figuras geométricas como o triângulo, o círculo, o quadrado, o retângulo, que correspondem a princípios ou formas simbólicas correspondentes dos modelos cósmicos.
Tão prova que ela hoje não segue a erguer edifícios que representassem o modelo material do universo, mas transmuta ao entalhar na pedra bruta do ego humano a formosura da pedra polida do homem primordial, sem abandonar os códigos fundamentais dos antigos construtores e mantendo em guarda as práticas de identidade dos sagrados mistérios.

7 - A Maçonaria Continua Viva

Quando o (profano\neófito)iniciado bate à porta do Templo, sem seus metais, inclusa também está sua nudez de suas crenças restritas, de suas opiniões políticas, de suas teses filosóficas, para que no âmago do templo, encontre na luz de sua claridade, o veículo da universalidade, que não o deixe contaminar com o procedimento humano egoísta, unilateral e pessoal, pois está alicerçada em pleno século XXI, na coluna dorsal flexível dos Landmarks e dos Ritos.
A Maçonaria não se contaminou e continua viva, basta observarmos os próprios graus de aprendiz, companheiro e mestre e suas correlações com antigas práticas iniciáticas correspondentes ao corpo, alma e espírito universal, sendo a resultante da formação do cosmo e do espírito universal, que é o mesmo caminho evolutivo da árvore cabalística, desde o reino de Malcuth em direção a Kether e o que importa é a essência contida neste rito e não a sua pura singularidade.
Portanto, a Maçonaria não perde a profundidade da realização da antropogênesis num rito cosmogônico, para dar origem a uma nova criatura, a um novo ser, não importando a variação do rito em si, desde que não se perca o sentido espiritual da idéia maçônica.
A Maçonaria continua a renovar o homem em suas lojas, pois ele é o objeto central da criação, e que através dos ritos poderá compreender sua essência e seu destino, através de seus caminhos, suas marchas, seus toques, sinais, graus, alegorias, palavras de passes, viagens, etc. alcançar níveis mais elevados que os da vibração material, sendo esta a única realidade que não poderá ser perdida e que está acima dos mecanismos e das práticas ritualísticas.
O universo é muito imenso para compreendê-lo de uma vez só. Não é esta a intenção maçônica e nem trabalha com este fim, porque ela não se desviou de seus princípios. Tudo acontece passo a passo, grau a grau, aprendendo-se através de símbolos visuais, sonoros e gestuais a conhecer-se a si mesmo, que é a maneira mais correta de conhecer o universo. Com esta atitude, recorremos a um conhecimento socrático, do grande mestre de Atenas, do século VI a.C., sem perder sua fidelidade, pelo fato de se adaptar à época em que vivemos, pois conservamos o conteúdo espiritual.
Não é idéia da Maçonaria, transformar-se num museu de relíquias alienadas das necessidades humanas, portanto ela é ativa e atual, sem abandonar os códigos simbólicos e a tradição hermética.
Todos sabemos que a concepção de mundo de nossa sociedade ocidental, se origina em muito dos antigos gregos, principalmente Platão e Pitágoras e que estes se iniciaram nos mistérios de Thot – Hermes (mistérios do conhecimento) do Antigo Egito, que ainda era contemporâneo em seu tempo. O Antigo Egito também foi o berço de Moisés e da sociedade judaica, portanto nossa cultura é greco-judaico-cristã, cujo pano de fundo está no Antigo Egito, que é a mesma raiz da Maçonaria como um todo, que embora a variedade e releitura dos ritos, não perdeu suas essências originais.
Hoje, com o conhecimento que temos, sabemos que já não há apenas um universo, mas que existem universos múltiplos, como por exemplo, o que já se tornou habitual o discurso sobre planos paralelos, o que mostra um momento de grandes mudanças no pensamento científico. Assim, a Maçonaria não se deixa ultrapassar por seu tempo e nem se atropelar pela evolução necessária da humanidade, por isto, se adequa e se sobressai, sem deixar de ser a lendária depositária dos mistérios antigos.

8 – Conclusão

A Instituição maçônica não abandonou seu foco de trabalho, pois se inaugurássemos uma nova ciência, uma espécie de hermenêutica dos ritos, compreenderíamos cada leitura ou releitura inclusas em suas devidas épocas. Sabemos que o desejo da verdade é um sentimento que nos aflora desde a infância. Desde pequenos perguntamos aos nossos pais, porque isto é assim, porque aquilo é daquela forma e somos pesquisadores das coisas que nos rodeiam. Buscamos a compreensão de que tudo é realmente como as pessoas nos informam e somos muito sensíveis aos enganos e mentiras. Está dentro da alma humana a fagulha divina da percepção do mundo. Quando adultos, desenvolvemos ainda mais esta capacidade de buscar a verdade e a resposta às nossas inquietações. Se perguntarmos a todos os maçons aqui presentes, se eles têm alguma dúvida de seu caminho, de suas iniciações, de seu trabalho social, de suas expectativas diante de suas reuniões templárias, todos com certeza afirmarão positivamente que estão muito satisfeitos e com plena consciência de que têm galgado uma evolução espiritual no caminho maçônico. -Quer prova mais evidente do que esta, que nós não abandonamos a essência primordial? Por que esta resposta não vem de seus lábios e sim do mais profundo de vossos corações? Por que nossos atos são sinais de nossas identificações?
Qual é no fundo o sentido principal da busca da verdade? O sentido reside prioritariamente a entendermos com a razão e o coração, o que é o mundo que nos rodeia e quem realmente somos nós, de onde viemos como seres humanos, qual nossa verdadeira missão aqui na Terra e para onde iremos?
Enfim, queremos ser felizes, não termos dúvidas, trabalharmos para o bem e encontrar um sentido para a nossa existência. Nossos ritos nos dão tudo isto e basta vivê-los para compreendê-los. Eles não perderam a noção da senha secreta dos mistérios mais intrínsecos do universo, embora se adaptem em sua natureza externa, eles se coadunam e se correlacionam com as necessidades mais importantes do ser humano.
A nossa sociedade profana não traz condições com suas instituições para complementar tal obra no coração humano. Por mais que a escola se redefine e se reoriente, ela está aquém deste trabalho. Mesmo as instituições religiosas não conseguem atende-lo plenamente, por mais louváveis que sejam,porque elas têm seus dogmas próprios, o que é justo e respeitável. Mas a maçonaria possui as chaves secretas da leitura dos símbolos e enigmas pendurada em um chaveiro universal. O chaveiro pode até mudar em alguns aspectos de seu design, mas as chaves não mudam seus sulcos e estão sempre prontas para abrir os portais dos mistérios.
A nossa consciência é uma verdade sem dúvida e tudo aquilo que nossa consciência aceita como provável após o jogo lúdico da experiência seqüencial, não deixa fresta para incertezas.
A pergunta inicial desta tese merece um aplauso de toda a platéia. Muitas vezes as perguntas são mais importantes que as respostas. Mas uma pergunta de tal magnitude merece uma resposta à sua altura e este é o exercício que estamos fazendo com profunda reflexão nesta tese.
Os ritos não se desviaram dos seus caminhos iniciais, porque eles ainda ultrapassam as barreiras do dogmatismo. O dogmatismo é uma atitude que nos acompanha desde crianças. É aquela crença de que o mundo existe como tal o conhecemos. Se não fosse a dúvida ou estranhamento de muitos pensadores, estaríamos ainda no período paleolítico. Foi o fato de não aceitarmos todas as opiniões e crenças comuns da sociedade e inclusive de nossas próprias idéias, que nos fez chegar à era robótica em que estamos. - Que seria da humanidade se acreditasse apenas no fenômeno? Imaginem o homem que somente crê no que vê. Como é pobre a vida deste homem. É necessário redobrarmos ao que está por detrás do fenômeno. Eu vejo o mundo, mas o que é que está por detrás de cada coisa que vejo? Só quem se debruça sobre a leitura dos símbolos, é que consegue atingir tal plenitude. E não podemos negar que todos estes símbolos ainda estão presentes em todos os templos maçônicos justos, perfeitos e regulares.
Além do mais, uma forma de ser dogmática, ela é ultra conservadora e tem medo de mudanças. Olhem, a Maçonaria é pesquisadora, expansiva e não combate as mudanças que trazem benefícios à humanidade. Todas as nossa lojas são assim e aprendemos assim em nossos ritos. Nós queremos fraternidade, liberdade e igualdade, porque evoluímos sem perder a consciência original.
A idéia que nossa sociedade ocidental tem sobre verdade, foi produzida por três culturas entrelaçadas em nós e presentes em todos os nossos templos maçônicos. Vamos verificar cada uma delas. Em grego, verdade é aletheia, que significa aquilo que não está oculto, que não se encontra escondido, que não se dissimula. Resta-nos então tudo o que aparece realmente e se compreende com facilidade pelo nosso espírito. O falso, seria o pseudos, o que está encoberto, escondido, o que parece que é, mas na verdade não é. Quem conhece algo que experimentou realmente como verdadeiro, não tem dúvida alguma.
Em latim, verdade é veritas, e tem muita relação com o que se relata, se diz, muito próprio dos réus perante os tribunais. Depende da memória, dos valores morais e éticos dos relatos.
Em hebraico, verdade é emunah e significa confiança. Tem a ver com a promessa de que aquilo que nos disseram é realmente como nos prometeram. É buscar um Deus verdadeiro, onde se deposita esperança e confiança. Portanto, se em grego verdade corresponde às coisas como são, em latim, veritas corresponde aos fatos como realmente foram e em hebraico, emunah, de que temos confiança e esperança naquilo que fazemos.
Os nossos ritos maçônicos continuam a se correlacionar com as essências primordiais do universo, sem perder os fatos delas mesmas e sem menosprezar a confiança e esperança no que estamos realizando. Então, eles são perfeitamente verdadeiros.

DESVIOS DO PENSAMENTO RACIONAL

Observando os níveis de desespero em que vive a atual sociedade mundial, facilmente compreendemos que houve um sério desvio do uso da razão no curso do desenvolvimento da humanidade. A palavra razão vem do grego logos, que por sua vez vem do verbo legein, que se encontra no campo das cotidianas atividades matemáticas. Posteriormente no latim, encontramos a palavra ratio, originada do verbo reor, que significava também no dia a dia dos filhos de Lácio, as suas práticas matemáticas.
Então a razão já nasceu desde sua origem, afastada por completo da doxa, ou mera opinião; como atividade do intelecto em contraposição à alteridade dos sentimentos emotivos e cegos; da conquista do conhecimento através de um método científico e não pela ação simples da fé; como consciência que tem consciência de si e domínio deste campo, indiferente ao fluídico estado do êxtase místico, mas vamos ver até onde está a sua distinta realidade.
Seus fundamentos obedecem a princípios bem estruturados como: a)princípio da identidade, onde afirmo e comprovo que X = X, ou se, por exemplo, cheguei à conclusão de que o círculo delimitado pela circunferência é uma forma geométrica tal como é, com 360º e que não há outra forma geométrica assim que não seja o próprio círculo; b)princípio da não-contradição, ou seja, se A = A, ele não pode ser ao mesmo tempo igual e diferente de A, ou em palavras mais simples que o hexágono tenha e não tenha seis lados e seis ângulos, que são coisas que fogem ao pensamento; c)princípio do terceiro excluído, por exemplo, B é X ou é Z, sem que haja outra instância, pois apenas uma das alternativas é a verdadeira; ou aquele carro lá longe no estacionamento é seu ou é de outra pessoa; d)princípio da razão suficiente ou princípio da causalidade, pois a razão encontra razão para tudo que existe, uma vez que tudo está entrelaçado numa rede de relações.
Mas será que a razão está realmente tão bem assim fundamentada? Seria bom encontrarmos uma dedução mais segura para esta dúvida, pois o teorema acima possui sérias rachaduras no corpo do seu edifício. Já dizia Blaise Pascal: “o coração tem razões que a própria razão desconhece.” A partir de meados do século XIX muitos avanços do pensamento científico provaram o enfraquecimento desta tese sobre a razão. A própria questão atômica mesmo, prova a fraqueza do terceiro excluído, pois a teoria atômica também se explica pela teoria das cordas e a física no campo da óptica explica a luz tanto por ondas luminosas quanto por partículas descontínuas. Voltando à questão atômica é totalmente impossível prever a complexidade e o efeito dos movimentos atômicos, pois podem ser tanto de uma forma como de outra forma. Como a ciência encaixa sempre uma teoria diante de cada realidade a descoberto, fala-se em um novo princípio, ou seja, princípio da indeterminação, onde a razão só adquire suficiência quando abarca fenômenos macros, mas não alcança solidez quando se trata de objetos além da microscopicidade do mundo. Outro golpe na razão vem da teoria da relatividade einsteiniana, o que nos deixa órfãos de validez ôntica, se pensar que o valor de PI pode não ser o mesmo em outra galáxia e assim por diante. Assim também no campo da linguagem eu posso dizer que o Japão está agora vivendo ao meio dia e à meia noite, sendo que ele está num planeta nestas condições. Também no estudo de outros povos e culturas, não é possível mantermos este procedimento europeu sobre a razão. Por exemplo, se estudarmos a estrutura da língua e da religião dos incas, astecas, toltecas, maias, tupis, guaranis, etc. perceberemos que não tem muito a perder para a estrutura lingüística dos antigos gregos por exemplo. Nisto entra também a questão dos mitos e não podemos afirmar que nossos mitos indígenas são atrasados ou fazem parte do pensamento sintético do homem da idade da pedra, pois eles não tem nada a perder para a explicação teológica do cosmos, que encontramos a partir das primeiras páginas de nossos livros religiosos. Quem assistiu ao recente filme AVATAR compreenderá a insignificância do culturecentrismo no choque entre povos, onde um detém um maior poder tecnocrático, no caso o povo invasor.
Outro poderoso golpe no seio da razão, foi a idéia da psicanálise iluminada por Freud. Violenta pancada que abala os alicerces da afirmativa de Descartes: Cogito ergo sum, ou penso logo existo, quiçá minha existência seja à medida de meu pensamento. Idéia talvez mal digerida pelo nobre René Descartes, quando no colégio jesuíta de La Flèche, no Anjou, aprendeu filosofia e teologia, segundo a Ratio Studiorum daquela época; ao se debruçar inutilmente sobre os fragmentos do poema de Parmênides sobre o caminho do ser e o caminho do não-ser, ou do nada, em que induz que pensar e ser se mesclam na mesma identidade.
Freud criou um sistema metapsicológico teórico uma espécie de topografia hipotética do aparelho psíquico, com suas vibrações específicas delimitadas em consciente, pré-consciente e inconsciente, onde estão localizados o id, o ego e o superego, que não cabe neste momento explicá-los, mas que basta pela sua validade e autenticidade provar a inércia do pensamento cartesiano sobre a razão. O inconsciente não é o oposto do consciente, mas a maior parte de nosso ser do qual o consciente é apenas uma ilha no oceano do inconsciente, parte esta da qual possuímos sequer conhecimento. O inconsciente não tem cronologia, está além do tempo e de espaço; está ausente do conceito de contradição e duas coisas contrárias podem se reafirmar categoricamente e simultaneamente; possui uma linguagem simbólica; equaciona valores tanto para a realidade interna como externa e obedece ao predomínio do princípio do prazer. Então pensar que a razão está tão a par de nós é de uma infantilidade boçal, uma vez que não temos todo o conhecimento de nós como pensamos, inclusive antropologicamente e historicamente.
Finalmente será difícil sustentar que nossa sociedade é tão racional como se imagina e doloroso saber que classificamos de irracionais a outras sociedades, principalmente aqui no Brasil onde destruímos as culturas arcaicas e escravizamos a cultura negra. A razão encontrou em si mesmo uma artimanha para encobrir a realidade, para esquartejar a natureza, para explorar o trabalhador, para justificar a exploração do outro, para expandir a alienação. Ela foi bem fundo no reino da linguagem, da tecnologia, das ciências, do afastamento do homem do objeto, como se o homem fosse uma coisa e a natureza outra coisa diferente, dentro do campo cartesiano do RES COGITANS versus RES EXTENSA, como se houvesse uma dicotomia diaspórica entre alma e corpo, entre ser pensante e formas extensas. Assim, justifico como queria demonstrar no enunciado desvio da racionalização.