quarta-feira, 1 de setembro de 2010

GLOBALIZAÇÃO VISTA DE OUTRO ÂNGULO

GLOBALIZAÇÃO VISTA DE OUTRO ÂNGULO
Prof. José Luiz Teixeira do Amaral, FRC

Nesta questão, coloco se a globalização é um processo que se iniciou numa pós-modernidade ou se é um avanço a mais no curso da história ao longo do tempo. Olhando a tela do meu computador eu observo as oportunidades de maximizar e minimizar na instantaneidade de minha decisão.
Na minha opinião globalizar é maximizar minimizando. Obter o máximo possível de informações e relacionamentos no mínimo possível de tempo e espaço. À direita do site da Loja Monte Moriá aparecem como vagalumes transcendentes uma miríade de empresas fornecendo serviços e negócios, que somente num clique tê-los-ei imediatamente em minhas mãos, com a segurança de que são os melhores produtos do mercado, com os mais seguros selos de segurança, sem sair de casa! Estou maximizando minimizando!
Vou buscar em três expressões comuns a qualquer vivente, algumas bases para validar a afirmativa de que este movimento é antigo, assim como faz parte da natureza humana. São as seguintes: Há! OH! OM! Com a exclamação Há! Proclamo que existe o mundo. O mundo está aí diante de mim. Não tenho como negar o que existe. A temática do porquê, do onde, do como existe, já é outra pesquisa que teria de buscar desde os filósofos antigos das Escolas Jônica, Itálica, Eleática ou Plurática.
Até creio que a filosofia não tenha nascido com o espanto, mas com a condição de que Há! Esta condição foi fornecida pelas viagens marítimas dos povos antigos, que lhes permitiram perceber as diversidades culturais. Ao viajar por terras ou por mares, o homem percebeu o deslizar do tempo, que corre como uma folha ao vento, mas que não se esvai desloucadamente, pois contém uma cadência definida e calculada, porque HÁ! Se há vários povos, há possibilidades de troca, e se há esta condição, então há que se criar um símbolo que negocie valores mercantis, de onde nasce a moeda de cada povo, protótipo de uma futura moeda mundial.
Desenvolvem-se outras sociedades quando se intercambiam culturas e valores. Criam-se alfabetos como meio de comunicação e procuram-se caminhos pela polis e pelo ethos para conter os atritos que surgem entre os contrários, protótipo dos mercados comuns, que se fundirão num único mercado mundial.
OH! Eu existo, eu estou aqui no meio deste todo. Quem sou eu? De onde vim? Para onde vou? Esta experiência que veio também com os pré-socráticos, afirma-se valorosamente com Sócrates e amplia-se no existencialismo. Não deixa de ser um espanto diante da minha realidade e da realidade do mundo. Santo Agostinho chegou a perguntar “onde eu estava antes de existir?” Uma lástima é que não tenha levado tanto a sério esta pergunta ou outra seguinte como “onde estarei após existir?” Mas eu preferia perguntar solenemente: é possível não existir? Se não é possível não existir, somos agora, antes e depois toda a existência. Então não há porque se preocupar com este assunto, que diante da plena existência, torna-se perca de tempo ou pensamento vazio. Um protótipo de um ser universal e mais integrado e respeituoso com todos os outros seres e a natureza.
OM! Nesta expressão está a busca da realidade última. Nos livros sagrados do Oriente se afirma que tudo se iniciou em OM, nesta sílaba sagrada. No Evangelho de São João está sacramentado que no início é o Verbo. Que grande semelhança , não é?
OM! Engloba tudo. Vejo o mundo, estou no mundo, sou no mundo. O lance está aí: ser no mundo. Este é o caminho da mística, ou a trilha mais segura, que não leva a dúvida nenhuma, pois está porque sempre esteve. Protótipo da plena realização humana de todos os níveis até o mais alto nível espiritual.
A globalização é realmente um movimento gradual característico do ser humano. O ser humano precisa viver com o outro. Quer queira ou não, viver com o outro é um destino humano. O homem é um ser social. Não veio para viver sozinho.
Mesmo quando o homem era um caçador/ coletor andarilho na Idade da Pedra Lascada já estava neste processo globalizado. Seu contato com os frutos permitiu-lhe o toque mágico de perceber as estações do ano. Seu contato com as flores iniciou o alvorecer de sua espiritualidade. Seu contato com os animais selvagens possibilitou-lhe conseguir domesticar alguns, que não deixa de ser uma abertura para uma compreensão maior da vida. Seu contato com outras tribos nômades mudou-lhe valores. Uma prova está na Etapa da Pedra Polida.
Não cabe aqui, descrever todas as etapas do processo evolutivo humano, para não perdermos de vista o enunciado acima. Mas vamos pensar por exemplo em Alexandre Magno e suas conquistas. Se de um lado destruiu todo aquele mundo enigmático grego, que era um mundo fechado, por outro lado elas abriram fronteiras na alma humana, alcançando outros valores no contato com diversos povos.
Quer um processo mais globalizante que o desenvolvimento da cultura latina? Olhem, que estou escrevendo em português que deriva da língua latina. Somos uma sociedade greco-romana-judaico-cristã, e isto é muito pouco. Imaginem o português que veio para a América Brasileira. Que português foi este? Era um ser totalmente miscigenado. Era um europeu, meio árabe, meio judeu, meio africano, meio romano, meio grego, meio meio. Mas que bom, não é?
Vejam, que esta facilidade que o brasileiro tem em se adaptar a quaisquer circunstâncias vem desta globalização racial portuguesa. É sem dúvida uma ponte de salvação para todos nós. Principalmente quando estamos diante de governantes incompetentes que implodem a economia.
Assim maximizei em Há! Oh! Om! A nossa crescente globalização. Maximimizei minimezando em três espantos, o que não devíamos nos espantar nunca, pois a globalização é natural ao ser humano. O que cada sociedade não pode perder são seus vínculos profundos e seus símbolos permanentes. Mas é plenamente saudável globalizar. É o mais nobre destino humano.
Há! Oh! Om! Um triplice abraço!

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