terça-feira, 19 de julho de 2011

UM CRIME PSICOLÓGICO

Do meu livro LEMBRANÇAS DO OUTONO

O corpo estava estendido sobre a calçada do velho casarão. Outrora depósito de café do ex-IBC. Por ironia do destino o extinto se chamava IRANILDO BENEDITO COSTA.
Coincidência? Sincronia? Este não é o momento para se discutir metafísica ou Jung.
Talvez Kafka poderia entrar derrapando pela beira do conto.
A faca periciada penetrou-lhe na altura do intestino e atingiu-lhe também o fígado. Cena dramática. Carros de polícia rondam por todos os lados.
À frente um posto de gasolina. Movimento intenso. Combustivel caro. Vida barata demais.
Do outro lado uma loja de amortecedores. Ironia do destino de novo? Talvez, para quem observa aquele minúsculo homenzinho (perdoem-me o exagero na explicação), sentado com olhar em êxtase e nas mãos um pedaço do paletó do morto!
"Ah! Não!" Suspira o sargento, enquanto o empacota na algema.
"Ah! Não?" Foi exatamente esta expressão a causa mortis de Iranildo, quando viu-se frente a frente com aquele inesperado homenzinho.
Se tamanha foi a sua surpresa, não pode oferecer o mesmo à sua filhinha de oito anos, em seu aniversário. Seu sonho: uma festa para crianças sendo servida por um garçom anão!
O complexo do pequenino homem falou mais alto que a santa intenção de Iranildo.

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