domingo, 12 de setembro de 2010

11 DE SETEMBRO SOB A ÓTICA PSICANALÍTICA

A civilização ocidental jamais esquecerá o dia 11 de setembro, o dia que não acabou, após a queda das duas torres gêmeas do world trade center. Seriam os terroristas árabes apenas fanáticos muçulmanos e facínoras alucinados? Será o ocidente tão perfeito e bonzinho como se propõe?
Primeiramente vamos analisar o símbolo torre no inconsciente humano. Em nosso inconsciente bem longínquo torre traz o aspecto da solidão, do isolamento, mas que guarda uma certa segurança e imponência.Esta construção é arquetípica, porque forma sistemas inatos no inconsciente coletivo da humanidade, que por sua vez criam significados interpretativos para o desenvolvimento da psiquê humana. Uma torre em ruínas é interpretada como doenças e crises, portanto se sonhar desta forma, procure fazer uma consulta médica ou observar seus gastos. Nossa tradição religiosa traz a história da torre de Babel. Relata uma época em que os homens falavam a mesma língua e pertenciam a uma mesma raça. Estes homens resolveram fazer uma torre para chegar ao céu. Resultado: IAVÉ confundiu a lingua destes homens, destruiu a torre. Isto significa o seguinte: o homem deve chegar a Deus por seus atributos espirituais e não pelas suas técnicas materiais. Em outras palavras, quando se psicotiza a Divindade, desestrutura-se a linguagem e cria separação interna e externa. Um bom exemplo disto é quando uma parte do povo de Israel, aguardando Moisés descer do Monte Horeb com o decálogo, cria um bezerro de ouro (Boi Ápis) para adoração. Moisés adorava um Eterno sem imagem, sem forma, figura, assim era equilibrado, forte, poderoso. De outro lado, estes adoradores de ídolos que fizeram o bezerro de ouro, psicotizaram a Deus. Tornaram-se fracos e incapazes de alcançarem seus objetivos. Na Torre de Babel foi o mesmo. Quiseram chegar a Deus de forma material, subindo os degraus de uma escada! Também conhecemos a história da Branca de Neve que aos 15 anos de idade sobe em uma torre, certamente que a partir desta idade as mulheres já estão preparadas a encontrar o seu príncipe encantado.
No nosso inconsciente a torre representa o princípio fundamental do universo que é o princípio masculino/feminino gerador do Cosmos. Observem um átomo, por exemplo. Ele tem um núcleo formado de prótons, neutrons altamente concentrado com suas subpartículas e no campo gravitacional externo os eletrons. Esta tensão permanente é a base do funcionamento atômico. A molécula funciona da mesma forma: um centro e um protoplama! A forma da torre é um símbolo fálico e seu recinto mandala um símbolo feminino.
Na antiga Babilônia tínhamos as torres Zigurates, que eram torres/templos. Tudo isto está em nossa memória genética. O mundo islâmico estendeu-se desde o oriente até o Ocidente na Península Ibérica (Portugal/Espanha). Os templos religiosos islâmicos ou muçulmanos são chamados de Mesquita. Toda Mesquita tem uma torre denominada minarete ou almádene, onde todo o dia sobe um religioso o Almuadem para anunciar as cinco oração diárias. Esta torre está viva em nossa memória genética.
As pirâmides também são torres matemáticas e pontiagudas.
Imagine uma criança brincando nos arredores de uma aldeia árabe. Ela escuta uns estrondos fortíssimos. Olha para trás. Vê uma nuvem de fumaça subindo aos céus. Quando volta, no lugar de sua aldeia, de seus amigos, parentes, pais, líderes políticos e religiosos, sua cultura, só encontra cinzas. Sua psiquê interna fica totalmente destruida. Ninguém sobrevive depois de apagada toda a sua rede intrapsíquica de existência. Depois chegam uns terroristas, recolhe as crianças, leva para um albergue muçulmano fanático, treina, oferece armas... pronto: nasceu o terrorista suicida, que já estava morto antes do treinamento. Mas quem são os culpados de tudo isto? São dois os culpados. De um lado o Ocidente, de outro lado a psicotização da religião.
O Ocidente neste caso em que bombardeia aldeias inocentes é um grande culpado. Desde dezenas de séculos atrás o Ocidente saqueia o Oriente. Os gregos com Alexandre Magno e os imperadores romanos devastaram o Oriente. As Cruzadas com a desculpa esfarrapada de libertar o Santo Sepulcro, impulsionadas pelos Papas Católicos, mas que por trás a verdadeira intenção era saquear o Oriente para salvar a falência da nobreza, fizeram uma destruição desmedida e inesquecivel.Os países europeus também saquearam o Oriente. Aqueles povos vêem os povos ocidentais como gênios do Mal. Eles tem razão, mas não justifica a violência e o terroismo.
Por outro lado a psicotização de fanáticos religiosos muçulmanos ou islâmicos, leva à idéia unilateral de que somente a minha religião e o meu deus é o certo. É aquela história que já contei sobre a verdade. Se você acha que encontrou a verdade, acabou tudo. A verdade não é para ser encontrada, é para ser sempre procurada. Aqui no Ocidente também há grande psicotização da religião. Todas estas pessoas que dizem "meu deus me protege... meu deus me lavou... meu deus me livrou...o não sei o quê do meu deus me livrou disto porque está lavado em nome de..." que ficam a todo momento repetindo estas frases, estão doentes e necessitam de um tratamento psicanalítico urgente, pois criaram um deus só para si e não para todos. Ergueram um deus pessoal, embora afirmem que não são idólatras. Estão realmente bastante doentes.
Aquelas torres caindo, demonstram que os terroristas islâmicos não são nada bobos e conhecem profundamente o impacto que isto provoca no inconsciente coletivo da humanidade.
Tanto Ocidente como Oriente precisam de rever seus valores. Os valores do poder, do colonialismo, da psicostização da religião, devem ficar para a pré-história da humanidade. Em seu lugar assentaremos a LIBERDADE, a IGUALDADE e a FRATERNIDADE.
Ressalvo que toda a religião é boa, quando é tolerante. Não importa se for o judaismo, o cristianismo, o islamismo, o xintoismo, o budismo, o hinduismo, ou qualquer outra crença.
O Livro Sagrado de quaisquer religiões é válido como palavra viva do Eterno. Seja o Torah, o Talmude, o Guemarah, a Bíblia Sagrada, o Alcorão, o Gitá, os Upanishads, os Vedas, etc.etc.etc.
Os muçulmanos que conheci não são fanáticos e aprendi maravilhas no Alcorão, assim como no Torah, nos Vedas, nos Upanhishads, na Bíblia.
De um lado temos duas torres caindo entre fogo e fumaças, permanentes em nossas lembranças, de outro lado temos um religioso Almuadem subindo as escadas da almádene para anunciar o verbo sagrado. Tudo isto está fixo nos arquétipos profundos de nossa psiquê, com o símbolo da torre, com os contos de fada, a Bela Adormecida, as pirâmides, os zigurates, a Torre de Babel, o monte Horeb. Entre estas duas margens devemos construir o futuro de nossa humanidade, com todos os nossos livros sagrados. Eu já dei a abertura do primeiro passo, sei que outros também já deram e que você nos acompanhará neste caminho.

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