sábado, 28 de agosto de 2010

L'AMOUR...L'AMOUR....L'AMOUR

L'AMOUR

Prof.José Luiz Teixeira do Amaral, FRC

J"ai un jardin, mais
la fleur plus belle de mon jardin?
Non, je n'ai que de femme.
À qui sont ces oiseaux et ces fleurs?
Aimez-vous une femme? Ainsi les fleurs sont
jolies et parfumés!
Trouvez-vous ce que vous cherchez?
L'amour... l'amour... l'amour...
Choisissez entre des oiseaux et des fleurs!

SER OU NÃO SER, EIS A QUESTÃO: SER E NÃO SER

SER OU NÃO SER, EIS A QUESTÃO: SER E NÃO SER
Prof. José Luiz Teixeira do Amaral, FRC

Em grego, ser é ON e não-ser é ME ON. O caminho da verdade é ALETHEIA e o da simples opinião é DOXA. Procurarei provar o enunciado acima, valendo-me da práxis do pensamento pré-socrático, pois acredito que quanto mais estiver distante do desvio provocado pelo pensamento platônico/socrático/aristotélico, ou seja, quanto mais me aproximar da origem de onde eclodiu a pureza do pensamento, mais perto estarei do esclarecimento deste enunciado.
Assumindo um comportamento similar aos antigos pensadores gregos de vinte e seis séculos atrás, começo a observar o mundo que me rodeia. Andando ao lado de Parmênides e Heráclito, meus pés sentem o piso frio do apartamento e em segundos ganho a janela de frente que dá para o pátio. Lá embaixo observo uma árvore frondosa. Um homem está sentado em um banco lendo um jornal. Um gato espreguiça sob um carro. Sinto um cheiro gostoso de comida que vem do apartamento ao lado. Percebo o som de uma música do Rei Roberto Carlos, mas também ouço o choro de uma criança. Há um odor de pinho sol que vem do banheiro. O calor está insuportável.
Posso dizer que estas coisas não existem? Na minha mente passam milhões de pensamentos simultaneamente e não tenho absoluta certeza de que os estou pensando e se meu cérebro (meu cérebro?) não é mais do que um porto onde quase todos eles ancoram. Porém, estas coisas estão aí realmente onde e como estão. Espera um pouco... onde e como... Começo a divagar de outra forma. Faz algum tempo que moro aqui. Aquela árvore era pequenina, o gato não existia, o cheiro da comida já passou, o do pinho sol está ficando mais fraco e Roberto canta outra canção para uma mamãe que conseguiu fazer sua criança dormir.
O mundo não parou. As coisas vão mudando de forma, de lugar, de espessura, de intensidade a cada segundo que passa. A criança que dorme, amanhã é outro homem lendo jornal. Sinto que há um constante devir, uma mudança ininterrupta nesta observação de mundo. O gato só será a cada segundo mais gato, enquanto for a cada segundo menos gato. O mesmo sucede com a árvore que vai abrindo seus galhos e se conceituando árvore à medida que encontrar a sua última primavera. Pelo caminho da doxa, estou no âmbito do não-ser.
Partindo deste pressuposto, o mundo não é. Os entes vão passando pela tela da vida, como aquelas sombras vão se deslizando pela tarde até encontrar-se com a grande sombra da noite. Parece a este ver, que o rio da vida desemboca no mar do esquecimento, no abismo do nada. O gato, o homem, a árvore, o som, os pensamentos não estão parados no tempo. Não posso inclusive deter este segundo, pois ele é escorregadio. É como um surfista brincando nas brumas da existência. Vão aparecendo outros segundos, minutos, outras horas, outros dias, meses, anos, cataclismos estelares, buracos negros, galáxias, etc.
Será esta realidade uma verdade inegável ou será uma ilusão, ou outro tipo de coisa a pensar? Não posso negar que é uma realidade, mas sou obrigado a aceitar que ela é constantemente mutável. Primeiramente via aqueles objetos, pela minha estrada sinuosa da DOXA, porém comecei a perceber que não estavam parados, que se movimentam em si mesmo e que só se conseguem manter negando a sua própria existência. Agora já começo a perceber que há um fluxo de mudança nas coisas sensíveis e que posso até pensar que elas em si sejam uma ilusão, partindo do pressuposto de que o valor de sua existência consiste na assertiva de sua própria negação.
Mas busco o ser. O ser é aquele que é. Aquele que não teve princípio. Ora, se tivesse princípio teria que vir de outro ser e perguntaria de onde veio este pré-ser? Então o ser comporta sua própria unidade e afirmativa de si mesmo, sendo inclusive idêntico a si, pois não há outro ser. Então o ser é uno, sendo que o que é uno não é múltiplo, de onde veio a multiplicidade das coisas? Uma vez que elas são passageiras, pelo caminho da doxa, com certeza vem da ilusão de nossa percepção. Ainda posso pensar que o ser teria fim. Mas depois do fim, sendo que para ter fim tem que haver espaço e tempo, haveria outro ser? Desta forma a resposta como um trampolim me jogaria na mesma pergunta outra vez. Neste momento já percebo que o ser é infinito. Infinito não quer dizer que não tem fim. A palavra infinito sofreu uma deturpação ao longo do tempo. Infinito é quando encontro um momento onde não é mais possível haver dividendo, divisor e quociente. É o âmbito do ser. É a instância bem além de onde não nos deixamos mais se enganar pela ilusória aparente das coisas.
Porém, existe um permanente movimento silencioso, que em sua superfície produz em nossos sentidos, a impressão que temos do universo. Todas as coisas, embora sejam uma, se diferenciam pelo campo de vibração provocado pelas emanações energéticas do ser. Este movimento não é lançado em direção nenhuma, à medida que se projeta em todas as direções. Ele também é em si. Além do mais ele não possui um centro físico ou teológico. Seu centro se encontra em todas as partes. O que difere é apenas a vibração que em sua intensidade cria à medida o tempo e o espaço, que nos provoca em nossa consciência a realidade que apreendemos. Este movimento não tem nada a ver com o movimento que estudamos na física, porque ele está antes de toda esta noção de mundo que nós temos.
Observo que todas estas especulações são feitas em nível do pensamento. Portanto no atrium do pensamento, já não me comporto como o cidadão comum. Percebo que as coisas são mutáveis e me recordo de Salomão no Livro de Eclesiastes: tudo é como correr atrás do vento. Tenho consciência que há muito mais coisas além daquelas que percebo. Pelo caminho do pensamento, alcanço a estrada da aletheia e já começo a colher algumas flores. Através do pensamento pressinto o ser. Quanto mais me aprofundo a pensar, mais perto estou de compreender o ser, de alcançar em linguagem mística, o sanctum dos sanctum, dentro do templo. Se elevo o pensamento ao seu quadrado, ou seja, consigo pensar o pensamento do pensamento, me torno análogo ao ser. Isto me lembra Jesus, quando diz: Eu e o Pai somos um.
Logo aí está a razão fundamental da frase, ser ou não ser, eis a questão. Compreendo que só posso pensar sobre algo que existe. Não consigo de forma alguma pensar sobre algo que não existe. Então só existe o ser. O resto é uma ilusão dos nossos sentidos. Ou quem sabe seria melhor dizer que tudo é divino e maravilhoso. Ao encontrar esta verdade começo a viver com autenticidade. Alcanço-me a mim mesmo, ou melhor, abraço-me no ser. Assim está comprovado o enunciado acima, que para cada um de nós, ser ou não ser é a principal questão.

sábado, 21 de agosto de 2010

CARTA RESPOSTA A RUI BARBOSA

Prezado Rui Barbosa
Li sua antiga e maravilhosa carta. Sinto-me também decepcionado e os anos que nos separaram não recuperaram a vergonha nacional. Somos professores e educamos do porteiro ao presidente da repúbllica. Médicos, engenheiros, psicólogos, religiosos, artistas e todas as outras listas. A maior parte desta gente me envergonha e custa-me acreditar que frequentaram escolas e que por suas venezianas não tenha passado uma fina fresta da luz da verdade e da honestidade.
Professores se formam e muitos deles não sabem escrever um texto que qualquer um escrevia antigamente, quando formado numa quarta série ginasial. A maior parte não tem o hábito da leitura. Não conhece nem os nossos escritores nacionais. Falar com eles de surrealismo, cubismo, poesia concreta ou quaisquer assuntos de nivel intelectual é o mesmo que proferir uma frase em chinês.
Médicos que a cada dia nos vêem menos. Só fazem deduções através de aparellhos, pois o ser humano está perdendo paulatinamente o dom da observação e da intuição. Somos um fígado, um estômago, uma garganta, um couro cabeludo e não somos mais um ser humano integral, meu prezado eleitor ouvido direito inflamado.
Perderam o fio, dispensaram a Ariadne , explodiram o labirinto e empregaram o minotauro em Hollwood. Engenheiros constroem casas de farinha, talvez porque foram criados em arranha-céus e não brincaram de fazer castelos de areia e barro. Haja visto que não são todos, prezado Rui, mas refiro-me a uma grande parte.
Os jovens saem do Ensino Médio sem dominar a escrita básica e a matemática elementar. Aprender verbos e tabuadas é totalmente proibido, se for à moda antiga. Existe um método moderno, que partiu de um raciocícino pragmático, mas por falta de inteligência pedagógica, foi levado ao exagero total de um construtivismo destruitivo. Desde Aristóteles que já sabemos do aprendizado obtido pelas correlacões lógicas e pela sequência intercomunicativa cerebral da repetição, porém, ignorado neste mundo moderno. Pouquíssimas unidades de ensino se dedicam também ao estudo da filosofia e da sociologia, talvez porque a magia filosófica da reflexão e da radiciação de idéias não tenha mais valor nos tempos atuais, onde os valores do ter, são superiores ao do ser.
É muito comum se ouvir: "detesto filosofia". Claro, ela nos provoca a pensar e para pensar são necessários neurônios sadios e numa sociedade dos conservantes, acidulantes, hamburgues, refrigerantes, alimentos hormonizados, poluição por toda parte, etc., não vai ser facil encontrar um cérebro que tenha força para pensar.
Alguém pode até nos acusar que somos formados à moda antiga e que somos da geração que substituiu a rígida palmatória pela flexivel sandália havaiana e que hoje as coisas estão mais no diálogo e por aí vai. Não discordo do valor transcendental do diálogo, mas estou falando de outras coisas.
Realmente tínhamos o lápis atrás das orelhas, mas possuíamos um conhecimento exemplar. A tabuada estava nas pontas dos dedos e também nas pontas das linguas.
Caro Rui, pessoas programadas pelo sistema não são livres. Onde está nosso ideal de liberdade, igualdade e fraternidade que o prezado irmão tanto defendeu?
Dizem que vivemos numa aldeia global, prefiro acreditar que nos encontramos num isolamento total, cada um vivendo em sua ilha e tribo separada. Classes escravizadas demonstram uma Pátria desigual. Tal arroz de terceira, terceirizaram quase todos os trabalhadores em nome da idéia liberal, que chamam de neo e que de nova não tem nada, pois foi fundamentada no século XVII, enquanto a idéia social surgiu no século XIX, com certeza impulsionada pelos horrores do liberalismo e da tal revolução industrial.
Todos estes profetas, patetas, políticos, paleolíticos e neolíticos pensadores do neo-liberalismo passaram pelos bancos escolares. Isto demonstra a falibilidade de nossa escola. Não prego uma escola doutrinadora, mas não aceito uma escola unilateral e porta-voz de um sistema opressor. Graças a Deus não pertenço a nenhum sistema assim, mas há muitos ainda pelo Brasil a fora.
Quem é o novo poeta brasileiro, o novo escritor e pensador que a juventude adota para ler e discutir? Então seria preciso procurar a juventude e será que vamos encontrar no meio dela alguém interessado neste tipo de assunto? Sim, uns poucos com certeza. Isto também é uma outra característica da falência de nosso sistema educacional.
O negócio hoje é surfar e deixar descer redondo. A voz da mídia é mais forte que a fala da educação e da família. Não se pode mudar o rótulo por causa do conteúdo e vice-versa. Então é mister e urgente uma mudança. Em que fonte deveríamos procurar o germem da mudança social?
Há coisas interessantes. Acredito Rui, que existe algum prefeito, vereador, deputado, governador, senador que ainda é do bem e queira me ouvir, prestar atenção. Ajudem a todos aqueles que possuam idéias emergentes, como por exemplo as cooperativas, as associações de bairros, os grêmios estudantis, as ongs, etc. São movimentos novos que avançam além das leis e dos métodos trabalhistas. São manifestações rurais e também urbanas, alternativas que estão a serviço de uma nova sociedade.
É assim que hoje damos o recado, Rui. É pela internet.
Também há grandes educadores com novos projetos. Deles não me envergonho, Rui. A palavra saber tem a mesma raiz latina de sapore que é sabor. Se não tiver um sabor agradavel não há como digerir. Não tem como engolir uma educação pós-moderna, burocratizada, estereotipada em nefastos projetos que estão aquém da realidade do aluno.
Você se lembra Rui, na sua época a educação nascia junto com o barro branco da batinga, com o metro, o alfabeto com a correnteza da vila. Não se formavam pedagogos em série, numa fábrica de linha de montagem. Sob a luz da vela e da lamparina nasceram os Machados de Assis, os Bandeiras, os Bilacs, os Drumonds, os intelectuais que não existem mais.
Será esta a república democrática que você sonhou? A maior preocupação educacional hoje em dia é medir com provões, com dados estatísticos, com índices a qualidade do ensino? Porém, de onde vem esta norma estatística? São mirabolices fellinianas estes dados que eles acreditam corresponder com a realidade social/educacional. Se estivessem realmente preocupados com a educação aumentariam a verba educacional. O caos da educação abre a cada dia mais o buraco negro da ordem social, onde é sugado desde a periferia e adjacências, até aos centros mais convulsivos, todo o equilíbro que deveria haver numa sociedade livre e democrática.
Prezado Rui, hoje se fala demais em inclusão. Mas o sistema econômico é cada vez mais desigual e excludente. Em nosso País vivemos o sonho desumano da corte de Luis XVI e Maria Antonieta. Há uma corte milionária que esbanja dinheiro em detrimento da maioria da população mergulhada na miséria, na dor, no sofrimento, no distanciamento total dos meios de consumo. O sistema através da propaganda incita a usar, a comprar, porém, a classe trabalhadora não tem como manter suas necessidades mínimas de sobrevivência. A falha da educação, não preparando um cidadão para o conhecimento, para as normas, valores, juntamente com um sistema colonialista e capitalista selvagem, possibilita que um tênis e um celular valham mais que uma vida humana.
Prezado Rui, você sabe por onde anda Marechal Deodoro da Fonseca, Floriano Peixoto e Benjamin Constant Botelho de Magalhães? Se souber, diga para eles que precisamos de reinventar a nossa república brasileira.
Um abraço do
Prof.José Luiz Teixeira do Amaral

sábado, 14 de agosto de 2010

PROSTITUTAS, BÊBADOS E LOUCOS PERSONAGENS

Quem não conheceu vivenciando Tatagiba, nada sabe de sua genialidade e as palestras ou páginas que se escrevem sobre ele, são apenas farrapos de sua verdadeira personalidade.
Ele possuia um laboratório vivo de literatura e se de um lado foi pop, do outro foi galileliano, pois era da experienciação prática que ele retirava seus contos e poemas. As ruas, os becos, as lanchonetes, as boites, as praças eram seu ambiente de trabalho. Os personagens eram todos aqueles não mercenários do sistema, heterogeneizados em loucos, prostitutas, bêbados, boêmios e tudo o mais que pela via colateral da sociedade, brotasse nos ancoradouros das cidades.
Nós saíamos para buscar personagens. Lembro-me de um solteirão que morava dúzias de anos em uma pensão. Observávamos, enquanto conversávamos, os seus movimentos, seu paletó desbotado, sua gravata roída e seus sapatos pretos, "cromo alemão!", sempre nos dizia nos encontros. Falava de suas namoradas antigas, declamava Casimiro de Abreu, declinava algumas frases em latim e delirava até onde podia... Ali estava mais um personagem de seus contos. Havia o marujo, uma espécie de europeu vestido de cáqui, muito alto, olhar estranho, andar rápido, que só curtia com sua presença muda, as milhares de estórias que se contava sobre ele: um personagem de peso, para uma análise profunda.
Eram os únicos seres livres daqueles tempos, onde as grades se enchiam de revolucionários e o resto da população não tinha consciência da própria prisão.
Fizemos amizade com um índio jardineiro que era poeta. Morava em uma pensão e seu quarto tinha quatro cadeados. Para esconder o quê? Um volume de poemas que ele acreditava ser a obra prima máxima da poesia brasileira. Não sei se era porque trabalhava com flor, ou por ser poeta medíocre mesmo, suas rimas eram de profunda (??????) riqueza (Deus está vendo!), combinando sempre dor com flor, jasmim com cetim, lírio com delírio (até que esta se aproximava um pouco mais de um concretismo poético), rosa com prosa, dália com mortalha (como soa mal, não é?). A maior parte eram versos de amor para uma irmã de caridade, que era sua paixão, mas que já estava comprometida, pois casara-se com Cristo (!!!!!!).
Este exercício de aprendizagem valeu a pena. Não existe cientista sem experiência, sem método científico. Estas representações sociais examinadas por uma ótica profunda, revelavam a verdadeira essência do absurdo daquela sociedade insana.
Indo de encontro, entre aspas, do outro lado do povo, o lugar não-certinho, não-religioso, não-pontual, encontrávamos uma realidade febril, um verdadeiro cerimonial de idéias e não era uma fuga, mas realmente um encontro com um universo próximo, despercebido, porém rico em suas estruturas desestabilizadas.
Tatagiba foi um gênio sem dúvida alguma, mas também um injustiçado de uma época maldita. Era tão genial, que muitas vezes íamos ao cinema, para acompanhar o trabalho dos artistas coadjuvantes, que ele acreditava ser de melhor qualidade profissional que os principais. Da mesma forma que nas ruas buscávamos os desprezados, nas telas procurávamos pelos garçons, atendentes de hotéis, camareiras, cozinheiros, cuidadores de estábulos, transeuntes entre cenas. Ninguém fez um trabalho inédito igual a este e deixávamos os Alain Delons e as Bardots para toda a platéia.
Sobraram as lembranças e o máximo que posso fazer é juntar-lhe as cinzas para colorir minha saudade.

OS MILITARES E NOSSA CONTRACENSURA

Prezado leitor, o que escrevo aqui é coisa séria. Envolve vidas, sangue, prisões, balas de fusis, devassa total de nossa Pátria. Relembra um chute no ventre de uma colega, dentro do cárcere, pé fardado na altura do umbigo aparecendo, abortando sete meses de uma gravidez adolescente. Brasil que ficou escondido debaixo do palco, por uma anistia ao avesso. Se você acessar o google "literatura capixaba / fundação cultural do es, clicar em quarta parta de 1951 a 1978", você verá meu nome no meio de outros, porém, não encontrará mais todos os outros no nosso meio. Pelo poema abaixo, ULTIMATO, representando nosso grupo, feito por Olival Mattos Peçanha, encontrará termos como: lutar pela vida, cidade sitiada, tempos mortos, colher o filho do povo, empunhar punho ou afago diante do inevitavel, prego em nós mesmos, ultimato contra o desamor, a violência, a fome, o medo, a fuga, somos os escolhidos, etc. Leia e verá até onde estávamos envolvidos contra a Ditadura Militar (a maldita).
Tatagiba estava sempre com a gente. Eu, ele, Olival atuávamos em segredo e com inteligência, de forma que nossa literatura fosse uma contracensura, para passarmos ilesos, pois para a censura nós já deixávamos algumas folhas soltas, de forma que abastecesse a sua idiotice.
Enganá-los não era fácil. Fazíamos mais força no disfarce do que na criação literária. Muitas vezes escrevíamos e não sabíamos que título colocar. Síndrome daquela época, onde vivendo num país sem pai nem mãe, a obra também nascia órfã. Um dia andando pela avenida, Tatagiba me falou: "estou com um livro legal, mas tenho dificuldade de aceitar o título nele. Me dá vontade de colocar alguma coisa ligada ao sol, ao universo, mas também não vejo sentido. Pronto está, mas este negócio de sol no céu, fica esquisito." Pensei, pensei: " escuta Tatá, estamos todos perplexos com o que passa nosso País. Estamos boquiabertos. Mas somos jovens e possuimos o sol da esperança. Por que você não coloca o título assim O SOL NO CÉU DA BOCA ?" Tatagiba olhou surpreso para mim: " estou indo para casa agora, este é o título que procurava!". Nem sonhávamos com computador naquele tempo e para mudar qualquer coisa escrita, era na máquina de escrever e tinha que escrever tudo de novo.
O SOL NO CÉU DA BOCA, que graças ao Eterno eu vi brilhar em nossa Pátria, mas fico triste ao pensar nos que morreram nos porões da DITADURA MILITAR, e não viram seu nascente.

domingo, 8 de agosto de 2010

SERRA/DILMA/MARINA/HELOISA/LULA-HERÓIS DA LIBERDADE

Perdoem-me as brincadeiras que fiz no meu blog sobre vocês. Vocês são os heróis de nossa liberdade. Graças a vocês, fiquei livre de estar detrás das grades das prisões, erguidas pelo ex-Regime Militar.
Um beijo no coração de vocês,

Prof.José Luiz Teixeira do Amaral

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

CARTA A FIDEL CASTRO - O GRANDE DITADOR

Lo siento mucho mi hermano, en encaminar a USTED esta misiva, pero qué puedo hacer? Fue USTED un autócrata, quien crió esta tirania cubana. Quise que sepáis de la dolor prisionera em su cárcel con la privación de todo, incluso el derecho de ejercer la ciudadania, de pertenecer a una clase social del pensamiento socialista.
Vengo preguntarle quién es único em Cuba, su tierra. Solamente USTED. Es la impressión. Solamente USTED, no hay como soler con esto. Solamente USTED come bien, duerme bien, sueña bien, Solamente UD sois dueno de vuestra opinión, pues en vuestro sueño podéis caminar em cuerda floja y los otros que piensen en las musarañas, mientras UD reís la sonrisa de um embaucador.
Esto no es socialismo. Por esto estoy escribiendo a UD una carta. Ud no saldréis victorioso. La sangre de los mártires escribirán vuestra história.
Que UD caigáis en la realidad es dificil, pues estáis muy viejo.
Dónde está vuestra conciencia? No lo veo. Se lo digo a ella: desdichada, de tan estraña que es en su disfraz.
La realidade del desarrollo que llegó, no llegó en Cuba. Vuestras ciudades son llenas de coches antiguos, casas viejas sin tejas, hombres sin pan, sin trabajo. Una nación sin teconologia de vuestro gobierno roño.
UD podéis hasta decir que en nuestra nación tiene corrupción en nombre de la democracia y que nosotros traemos muchas questiones sociales, pero caminamos en la senda de la libertad, y su ejercicio es el único medio de llegar a un bien social.
Un pueblo que no ejercita la libertad es muerto y no llega a sítio ninguno. La libertad de Cuba un dia llegará después de vuestra muerte.
El hombre libre es dichoso y sale cantando en la calle y la lluvia que hay, como un pájaro por la mañana. Su alma brilla como un anillo de oro.
No soy contra el socialismo, soy contra a esto que llamas de socialismo. Sin embargo el socialismo no es el reino de los cielos, pero es la comunidad de la libertad.
Oiga, una nación no es hecha de palabras. El presidente debe bajar-se del pedestal y hablar con vuestro pueblo en el cárcel, vuestra Cuba, con miras de garantizar la libertad.
Ni se te ocurra dudar de mis palabras.UD nada en abundancia mientras la población vive en la miseria. Esto se considera lisa y llanamente un delito.
Hasta Siempre, Fidel Castro.
Prof. José Luiz Teixeira do Amaral

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

FIDEL CASTRO CUSPIU NO PRATO ONDE COMEU

A ala inteligente de nossa geração adorava o CHE e não estávamos nem aí pro FIDEL. De CUBA reconhecíamos a garra de CAMILO CIENFUEGOS (dizem que seu desparecimento no dia da invasão americana da BAIA DOS PORCOS, em La Batalla de Girón, tem o dedo de FIDEL por trás). CASTRO era FIDEL, portanto FILHO de alguém - herdeiro de sua opinião particular. Enganou-se pensando ter encontrado a grande verdade, após tê-la cristalizado. Apesar de ter sofrido uma exclusão internacional por parte dos EUA, CUBA não seria muito mais do que é hoje, pois FIDEL cuspiu no prato onde comeu. Seu prato era de prata argentina. A verdade está no âmbito do alvo que sempre se procura. Quando a encontramos, se estamos sadios, ela nos dá as costas para que continuemos no exercício da arte real de sua busca permanente.
O homem que a cristaliza, acredita estar em pé no centro do universo e se desencanta a si e aos outros, com o tempo. Porém, o homem que sempre a procura, encontra o centro do mundo em todas as partes e vive maravilhado deste encanto.
Assim, a verdade é original e GUEVARA sabiamente não a encontrou nunca. Saiu de CUBA, embrenhou-se nas selvas bolivianas para ensinar aos campesinos uma nova forma de viver, sob a égide do cooperativismo. Foi executado pelas mãos da CIA, mas sua verdade nunca desapareceu, porque ele não morreu abraçado com ela. Ela o acompanhava como o ETERNO IAVÉ acompanhava MOISÉS numa nuvem misteriosa. Sua partida promovida pela violência não do norte-americano, mas do ser humano violento, porque não podemos confundir população de um país com política nojenta, simbolizou todas as torturas e mortes que nossa geração sofreu. Quando não tínhamos mais lágrimas para chorar, nossos olhos suavam de dor.

domingo, 1 de agosto de 2010

CHARLIE CHAPLIN E TATAGIBA

Tatagiba me ajudou a conhecer a genialidade de Carlitos. Por ele, compreendi que aquele vagabundo era nós mesmos. O seu andar de pobreza numa roupagem society desbotada foi o que fizeram de nossa alma e de nossa juventude. Não tínhamos armas para enfrentar a agressividade de nossos inimigos vestidos de casacos verdes. Só tínhamos pedras e paus. Adentramos pelo cinema mudo, pois era a característica de nossa fala. Abria um horizonte de possibilidades para comunicarmos sem o risco da censura. Talvez foi por este vilão que aprendemos a escrever com elegância e sutileza. Cala a boca estudante! Tinha tudo a ver com a mudez do cinema chapliniano. Desta forma caminhávamos pelas LUZES DA CIDADE sem que corrêssemos tantos riscos, pois podíamos driblar pelas ruazinhas colaterais e pelas escadarias vazias a nossa corrida perplexa.
Assim passávamos pelas engrenagens dos tanques de guerra naqueles TEMPOS MODERNOS e vorazes. Não era a época de pintar a face de verde e amarelo pelas mãos de mamães dengosas. Sem mãe e sem pai, pintávamos de fuligens, de cinzas dos ressuscitados e do pó sangrento daquela tortuosa realidade. Éramos também esquerdistas, comunistas por sermos democráticos e críticos do capitalismo selvagem. Perseguidos pelo SNI braço direito da CIA e do FBI. Adentrávamos pelo humor negro e estávamos também em uma lista de malditos. Do outro lado os militares, os racionais e a imprensa marron. Saímos a correr pelo mundo como Carlitos por um saloon dando olé em gigantes.
Prof. José Luiz Teixeira do Amaral

GEIR NUFFER CAMPOS SE ESQUIVA DAS BALAS MILITARES

Geir Nuffer Campos é um dos maiores poetas brasileiros de todos os tempos. Foi meu amigo particular e sem nenhuma dúvida um segundo mestre de minha existência. Um dos melhores tradutores em alemão para a lingua portuguesa, permitindo-nos uma leitura mais precisa dos grandes ícones da cultura alemã. Meu primeiro contato com Geir foi em Niterói, onde morava. Consegui estar facilmente com ele, dando um drible nas feras da repressão, pois para muitos Geir estava escondido numa favela carioca. Realmente esteve, mas poucos sabem que além da habilidade literária, ele também conhecia a arte do disfarce. Ele até brincou comigo: você está deixando de ver as meninas na praia, para visitar um velho fugitivo. Eu respondi: a praia não está para peixe, meu velho! A partir daí estava dada a senha do momento, para uma sólida amizade de confiança em punho.
Como ele mesmo dizia, Nuffer não era tão ariano como se pensava, pois corria em seu sangue os gens dos filhos de Israel, ainda ajudado pelo cristão novo Campos. Longa vida de perseguição pelos séculos, talvez tenha dado em sua estrutura física e anímica as barricadas da resistência.
Fui designado para receber Geir em Vitória naquele alvorecer dos anos 70. Encontramo-nos em uma banca de revista na Praça Oito, pois deveria levá-lo até a casa de Olival Mattos Peçanha, poeta e professor. Tatagiba estava comigo neste empreendimento memoravel da literatura nacional. Geir pediu um jornal do Rio para ler. Eu perguntei-lhe: você tem vontade de ler o jornal de hoje? Vivíamos naquele momento um dos períodos mais repressivos do Regime de Terror Militar.
Geir deu-me uma parte do jornal e outra a Tatagiba e respondeu: com esta neblina de vento sul em Vitória, este jornal pelo menos serve como guarda-chuva! E se os militares nos quiserem metralhar ao som do AI5, nós colocamos o jornal na frente e as balas não nos pegarão mais do que já pegaram conforme suas páginas.
Saimos cavando túneis pela avenida conversando o menos possivel. Geir já havia nos advertido que se por acaso ele fosse preso, que nós mantivéssemos em silêncio e informassemos à sua família em Niterói e a toda classe intelectual possivel. Por esta razão caminhávamos como desconhecidos.
Na casa de Olival era outro Geir que sorria, tomava cafezinho e conversava sobre tudo além de literatura. Em sua aparência judaica notava-se a mesma fibra de José do Egito na prisão ou de Abraão diante do Faraó, diante suas perguntas insinuosas sobre Sarai. Mas sentiu-se em casa. Geir gostava de se sentar numa cadeira diante de uma mesa simples com uma toalha lavada a anil e cheirando alecrim.
Leu vários poemas de Olival. Tatagiba corria seus olhos entre Geir e eu. Tatagiba respeitava Olival, mas não era muito afeito à sua obra, pois Olival escrevia somente poesia concreta, influenciado pela geração dos anos 60.
Geir foi categórico: você precisa de dar uma leveza em seus poemas, caro amigo! Era mais ou menos isto que Tatagiba pensava.
Na volta Geir nos falou que se Olival não amaciasse sua veia literária ele acabaria escrevendo palavras cruzadas. Palavras cruzadas!!!!! Sorriu Tatagiba. Se não acabar escrevendo um novo dicionário! Respondi.
Descemos da casa de Olival e pela Vila Rubim ganhamos a Avenida Jerônimo Monteiro, ainda caminhando no maior sigilo possivel. Deixamos Geir Campos no Hotel, sem nos despedir dele em público, passando direto pela porta do hotel, enquanto Geir entrava vagarosamente.
Imaginem vocês, minha gente, eu e Tatagiba estávamos com Geir Nuffer Campos sem que ninguém percebesse isto diretamente! Este era o País que vivíamos. Dois jovens escritores em contato com um dos maiores poetas e tradutores da Lingua Portuguesa, num encontro típico de um campo de concentração. Ainda tem gente por aí que diz que aquele regime era bom!
Para imitar o profeta Jeremias, digo que coloco a boca no pó das minhas lembranças, para ver se encontro esperança. Esperem meu próximo artigo, enquanto limpo as teclas do meu computador molhada por minhas lágrimas.

Prof. José Luiz Teixeira do Amaral