sábado, 23 de outubro de 2010

KANT COM SUA CRÍTICA PRETENDE DESMASCARAR A METAFÍSICA DE SUA ÉPOCA - KANT VII

Se as nossas vivências ocorrem dentro do tempo e não tem como extraí-lo para considerá-las e levá-las a um ponto máximo num salto além das séries das sintetizações, como poderemos ter uma idéia da alma? Não podemos sair do trilho do tempo, nem abdicar dele em nossas vivências e não temos como chegar a uma idéia concreta de alma. O tempo junto com o espaço é a primeira condição do conhecimento. Erra a psicologia em jogar a alma fora do tempo e do espaço para conhecê-la.
A outra questão kantiana sobre a metafísica é o problema do universo que vai cair em antinomias.
Primeira antinomia: tese: o universo tem um princípio no tempo e limites no espaço: antítese: o universo é infinito no tempo e no espaço. Segunda antinomia: tese: tudo quanto existe no universo está composto de elementos simples; antítese: aquilo que existe no universo não está composto de elementos simples, mas de elementos infinitamente divisíveis; terceira antinomia: o universo deve ter tido uma causa que não seja por sua vez causada; antítese: o universo não pode ter tido uma causa que não seja por sua vez causada; quarta antinomia: tese: nem no universo nem fora dele pode haver um ser necessário; antítese: no universo ou fora dele há de haver um ser necessário(ser necessário e causa dá no mesmo! as duas últimas antinomias se correlacionam!).Como se vê a razão acerca do universo em si afirma e nega. Onde está a falha, o erro da razão? É porque se está tomando o tempo e o espaço como coisas em si mesmo e não como modos de conhecer. Então procura-se discutir estas questões de início e fim. Tomando-os como coisas em si e não como formas de cognoscibilidade cometemos um grande erro, assim as duas primeiras antinomias são falsas. Nas duas últimas antinomias as teses são verdadeiras porque buscam o mundo fenomênico enquanto as antíteses buscam o noumenon(coisa em si) poderão ser verdadeiras se houver uma outra forma de conhecer em nossa consciência humana. As teses seriam válidas para as ciências físico-matemáticas e as antíteses para as ciências metafísicas, digo, se houver em nossa consciência uma via para o conhecimento que não seja a do conhecimento científico. Será que existe na razão esta possibilidade? Por Kant, creio que não!
À questão da existência de Deus, Kant agrupa tres argumentos: o antológico, o cosmológico e o físico-teológico. Kant busca Descartes e Santo Anselmo:"...eu tenho a idéia de um ser, de um ente perfeito; este ente perfeito tem de existir,porque se não existisse faltar-lhe-ia a perfeição da existência e não seria perfeito..." Kant rebate: para dizer que uma coisa existe preciso de correlacionar sujeito cognoscente com fenômeno cognoscido e como vou fazer isto se o objeto deus não se revela ou se apresenta às nossas sensibilidades? Na idéia cosmológica Kant critica o fato de deter-se em deus/causa-incausada depois de uma sucessiva série de efeitos e causas, detendo repentinamente a aplicação da categoria causa/efeito sem motivo algum. Quanto ao argumento físico-teológico, Kant critica o princípio da finalidade deste argumento, na questão de querer justificar o maravilhoso que há nas coisas, como por exemplo a possibilidade de vermos, ouvirmos, a maravilha da natureza, etc. como se tivesse uma inteligência criadora organizando estas estruturas. Para Kant, este raciocínio tenta ultrapassar os limites da experiência. Kant afirma que a metafísica quer conhecer o incognoscível. Quer ir além dos limites da experiência, o que não é possivel. Quer ir no âmago das coisas em si, cometendo erros gravíssimos com idéias a respeito da alma, do universo e de deus. Porém, Kant toma uma vereda lateral e busca na razão prática, na moral, uma saída especulativa para resolver este problema da metafísica. Veremos em próximo capítulo.

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