domingo, 24 de outubro de 2010

KANT / IX - IMPERATIVOS HIPOTÉTICOS E IMPERATIVOS CATEGÓRICOS.

Se falei em boa vontade, então existe a má vontade? Em que consistem estas vontades? Todo ato voluntário se apresenta à razão em forma de imperativo. Isto tem que ser feito, não é certo fazer aquilo, cuidado com esta ação, todas estas reflexões surgem na consciência em forma de imperativos: hipotéticos ou absolutos. A lógica formal do imperativo hipotético o submete a uma condição:"se queres aprender esta matéria, estude muito." Ele não é absoluto, não é incondicional, porque já diz "se queres", assim como outros imperativos hipotéticos.
Mas examinemos agora os mandamentos morais: "honra teu pai e tua mãe", "ame tua terra natal", "não matarás", "não furtarás", etc. Eles são categóricos, pois a imperatividade não requer nenhuma condição. Eles nascem dentro da própria vontade humana. Pertencem ao campo da moralidade e não da legalidade. Nem tudo que está dentro da lei, ou da legalidade, também está dentro da moralidade. O que você faz de acordo com a lei é porque você se ajusta a ela. Vou aqui dar um exemplo muito prático. Em 1885 era legal(dentro da lei), aqui no Brasil você possuir escravos. Mas não era moral. A partir de 13 de maio de 1888, com a Lei da Alforria(Lei Áurea) era ilegal você ter escravos. E nunca será moral ter escravos. Imagine você, quantas leis temos por aí que são legais e não são morais. Quer saber de uma? A Lei do Salário Mínimo! Você sabe quanto ganha um vereador, um deputado, um senador que não protesta contra esta lei? Mas isto é outra história, não é? Então vamos continuar com Kant, conforme propomos.
Um ato que você faz porque quer ter recompensa ou evita um castigo, não está assentado na lei moral. É um imperativo hipotético, não é um imperativo categórico. O imperativo categórico ouve a voz da consciência. A sua vontade só é pura, moral e terá validez, se ouvir esta voz e refletí-la em suas ações.
Em fórmula lógica diremos: toda ação tem uma matéria (aquilo que você faz ou omite) e uma forma (o porquê se faz ou porquê se omite). Uma ação será pura e moral não só pela grandeza do conteúdo, mas pela voz da consciência em torno do dever.
A famosa fórmula kantiana do imperativo categórico ou da lei moral/ universal é esta: "age de maneira que possas querer que o motivo que te levou a agir, seja uma lei universal".
Vou dar um exemplo muito simples, embora existem milhares de outros: você tem um amigo nas últimas no hospital. Hoje é domingo e joga flamengo e vasco. Você é flamenguista doente. Seu amigo quer se despedir de você. Ele é doente terminal. Ou você faz sua vontade humana de assistir ao jogo, ou você vai pela lei moral/universal. Uma coisa é ser hipotético, outra coisa é ser categórico.
Categoricamente falando eu sei que você iria. E não iria contra a sua vontade, pois seria hipotético!

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