domingo, 10 de outubro de 2010

KANT III - CONT. ESTÉTICA TRANSCENDENTAL

A Estética Transcendental(doutrina do conhecimento sensivel e de suas formas a priori) é a maneira como o homem recebe as sensações e como desenvolve o conhecimento sensivel.
Neste artigo pretendo explicar os termos ou a terminologia que Kant usa para não confundirmos com nomes usados eventualmente em português.
a) SENSAÇÃO: quando você passa perto de um ferro elétrico e sente o seu calor, quando vê uma toalha vermelha e percebe esta cor, quando come uma cocada e sente seu sabor, todas estas ações que o objeto provoca sobre você, trazendo-lhe uma modificação ou impressão, representam a SENSAÇÃO.
b) SENSIBILIDADE: é a faculdade que temos de sermos modificados pelos objetos quando recebemos as sensações.
c) INTUIÇÃO: é o conhecimento imediato dos objetos fornecidos pela sensibilidade. O intelecto não intui, ele pensa sempre referindo-se a dados fornecidos pela sensibilidade.
d)FENÔMENO(PHAINÓMENON/GREGO): É o objeto como ele se representa em nós, pois nós não captamos o objeto como ele é em si, mas como ele aparece e se manifesta em nós, porque o conhecimento sensorial (a sensação) é uma transformação que o objeto provoca em nós.
O fenômeno consta de matéria e forma. A matéria é a posteriori, pois só é possivel pela experiência, pois é dada pelas sensações ou modificações provocadas em nós (doce, frio, cor, som, etc.) em consequência da experiência, produzidas em nós pelos objetos.
A forma, não vem dos objetos, mas do sujeito. É como se organiza ou como é o modo de funcionamento da nossa sensibilidade, quando recebe os dados sensoriais provocados pelos objetos. Se ela é um modo de funcionamento e de organização da nossa sensibilidade, ela é a priori em nós.
A forma é intuição pura. O conhecimento sensivel em que estão presentes as sensações ele chama de intuição empírica. Porém, a forma, que ele chama de intuição pura, que é como se organiza o funcionamento de nossa sensibilidade, já existe a priori em nós e são duas: O TEMPO e O ESPAÇO.
A partir de Kant, estes dois princípios do conhecimento, deixam de pertencer à ontologia estrutural dos objetos, para serem a priori no próprio sujeito.
Independentes delas já existirem no universo, elas já existem em nós com todas as suas possibilidades, mistérios e enigmas. O espaço abarca tudo o que é externo e o tempo tudo o que é interno. Porém, veja o primeiro artigo, pelas possibilidades matemáticas, o tempo tem uma primazia sobre o espaço. Por isto, eu, pessoalmente, acredito que a matemática tenha condições de chegar aos portais da construção do universo. Não é à toa que os pitagóricos dela se ocupavam.
Nós somos configurados desta forma e outros seres podem perceber a realidade de outras formas. Espaço e tempo não são inerentes às coisas, mas são as formas como nosso aparelho capta as coisas e vê o mundo lá fora. Este espaço e tempo que estão lá fora podem ser de outra forma, pois nosso aparelho a priori joga estas coordenadas no exterior para interpretar o universo e fazer a diagramação dele.
O que não deixa de ser uma ferramenta misturada ao objeto que traz resultados maravilhosos.
A nossa intuição é chamada de sensivel porque tem esta forma a priori de espaço e tempo para configurar as coisas. Só se ela fosse originária (uma espécie de Deus) no momento em que ela cria as coisas é que poderia conhecê-las como são em si mesmas. Em outras palavras a nossa intuição é sensivel não é originária, não é produtora de conteúdos materiais, é apenas formada dentro das possibilidades de espaço e tempo para compreendê-los conforme nossa configuração e não conforme eles são em suas realidades mesmas(noumenon). Interpretados em nosso aparelho sensivel como fenômenos(phainómenon).
Elas são as maiores possibilidades da geometria e da matemática. Todos os juizos sintéticos a priori da geometria dependem de nossa intuição pura a priori de espaço. Posso construir triângulos, por exemplo, em minha intuição e quaisquer outras figuras geométricas com suas intrínsecas leis.
Já o fundamento da matemática está no tempo, a começar pelas operações de somar, subtrair, multiplicar, dividir que são temporais, sem prescindir do espaço. Lembre-se quando escrevi no primeiro artigo que as coisas existem dentro e fora de mim ao mesmo tempo. Ele tem esta especialidade. Veja o primeiro artigo sobre Kant.
Agora vai um conselho: coloque-se a pensar. Quando você pensa, usa o intelecto que se apodera das funções dos conceitos e alcança a unificação e a ordenação de todos os múltiplos da natureza numa representação comum.
Lembra-se que Einstein dizia que o aparelho que ele usava era sua imaginação? Foi com ela que ele sintetizou, unificou e ordenou numa fórmula a teoria da relatividade: E = MC2 (OBS. O ÚLTIMO C TEM UM 2 APÓS, ISTO É C ELEVADO AO QUADRADO).

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