sábado, 2 de outubro de 2010

KANT I: ESTÉTICA TRANSCENDENTAL / ESPAÇO/TEMPO/GEOMETRIA E ARITMÉTICA

Inicialmente elevo meus pensamentos respeituosos ao grande KANT e a todos aqueles que perceberam sua grandiosidade. Kant trata da ESTÉTICA TRANSCENDENTAL de forma científica. A palavra estética hoje tem sentido de beleza, etc., mas KANT se utiliza da etimologia na sua origem grega AISTHESIS, que é sensação ou percepção, portanto ESTÉTICA é TEORIA DA PERCEPÇÃO ou TEORIA DA SENSAÇÃO. Para KANT, TRANSCENDENTAL está no sentido de como algo seja objeto do conhecimento. O que é o espaço? Você pode pensar o espaço vazio, sem objeto algum, sem nada dentro dele, porém, não poderá pensar objeto algum sem espaço. Veja que o espaço por este tão simples raciocínio não depende da experiência, mas esta depende do espaço. O espaço é puro, isto é, a priori. O espaço não é um conceito. Os intelectuais que fazem conceito do espaço, estão pensando com pernas muito curtas e não se adiantam no caminho do pensamento. Vou lhe mostrar a diferença entre conceito e intuição. O conceito de pedra envolve diversas formas de pedras. O conceito de árvore engloba diversas formas de árvores, etc. O espaço, não é um número indefinido de espaços. Ele é o próprio espaço, único, total, pois os diferentes espaços que conhecemos estão inseridos no grande e único espaço. Por esta razão ele é intuição, porque os diferentes espaços que conhecemos pertencem ao espaço universal, a priori, puro, existente dentro de nós (a priori e puro são sinônimos), por isto ele é intuição pura, a priori. Transcendental é o existente de si por si, transformado em objeto do conhecimento e uma das condições para as coisas serem objetos do conhecimento é o espaço a priori, puro. Subpostos às nossas sensações e percepções temos substratos, noções em nós mesmos, que nos dão condições de compreender as coisas em nós mesmos e uma destas condições é o espaço a priori, uma condição de cognoscibilidade das coisas. Na geometria a realidade se encaixa com a intuição pura, a priori. A figura que você pensa com suas leis geométricas é perfeitamente harmônica com aquela que você traça em seguida. Seria possivel uma aritmética pura, já que é possivel uma geometria pura, conforme a explicação do espaço como intuição a priori(pura) já que suas leis intuidas a priori, puras podem ser transportadas para a realidade? Então incluindo agora a aritmética, será preciso pensar o que é tempo. Ele é a priori, puro, isto é independente da experiência? Temos que ver isto, porque é impossivel tratar da aritmética desconhecendo o tempo. Lembro que puro é sinônimo de a priori. Há um quantum infinito em que as coisas vão se sucedendo e acontecendo sem cessar, elas vão e vem por ele. Este quantum infinito é o tempo. Podemos imaginá-lo ao todo com as coisas acontecendo dentro dele. É possivel percebê-lo grandioso, sem acontecimentos. Mas não é possivel perceber qualquer acontecimento fora dele, sem ele. Caimos na mesma questão do espaço. Podemos imaginar o espaço sem coisas, mas não podemos imaginar coisas sem espaços. Podemos pensar no tempo, mas não podemos pensar em fatos fora do tempo. Tempo é intuição pura, a priori, pois é o grande e infinito tempo. Ele não é conceito, porque conceito como demonstrei acima é uma unidade do múltiplo. Assim, demonstrado está que ele é intuição pura, isto é a priori. Quando somo, subtraio, calculo, conto, etc. utilizo momentos do grande tempo, manejo "antes e depois", "quando e como", "logo e portanto", "como queremos demonstrar", se queremos é porque queríamos, são tempos antes e depois,manipulamos juizos sintéticos e a priori, no campo da intuição pura, porque são várias etapas de tempo, mas do único tempo universal, não de tempos diferentes, porque o tempo é um só na sua extensão, então é realmente intuição pura, a priori e não um conceito. O tempo, a aprioridade e a intuitividade do tempo são as possibilidades dos juizos sintéticos puros na aritmética. Se não houvesse em mim a intuição pura do tempo eu não realizaria a aritmética. Ela não necessita de recursos experimentais para se plenificar, pois tem o tempo como forma de sensibilidade e que depois se transforma em matemática aplicada na realidade. E se depois é observada por um outro na realidade, vai se encaixar adequadamente com sua realidade interior de intuição pura do tempo. Espaço e tempo são formas de sensibilidade, ou seja são modos de faculdade de nossas percepções. O espaço compreende percepção externa e o tempo percepção interna. Mas espera um pouco, o externo é bifacial, pois é presentativo, isto é o que está lá fora e o que é percebido dentro de mim..... ao mesmo tempo, dentro e fora de mim. Esta é a especialidade do tempo, seu grande privilégio de ser uma forma de sensibilidade externa e interna, pois fora e dentro de mim as coisas estão ao mesmo tempo! Este é um passo fundamental para a geometria e a aritmética deixarem comprovadamente de ser ciências paralelas para co-pertencerem, como ciências mutuamente compenetradas. Esta coerência, que não existia na Antiguidade, passa a existir antes de Kant, com Descartes unindo geometria e álgebra, com a geometria analítica, possibilitando reduzir figuras a equações, assim como Leibniz com o cálculo infinitesimal, as questões da lei de desenvolvimento de um ponto em quaisquer direções do espaço, encerrando numa fórmula diferencial ou integral as diferentes posições sucessivas de um ponto independente do percurso. Meu caro, as leis matemáticas são tiradas da cabeça, a priori, puras, independentes da experiência, porque o espaço e o tempo, são suas duas colunas principais, são formas de cognoscibilidade das coisas, ou melhor, condições para entendermos as coisas (mas nunca como elas são na realidade), estruturas a priori que lançamos para fora sobre o mundo, da mesma forma que seus olhos vão iluminando para fora de forma que os entes apareçam, submetidos às suas estruturas internas de tempo e de espaço, mas que nunca saberemos como eles são em si mesmos, sem estes holofotes que lançamos sobre eles. Os objetos se apossam dessas formas (tempo/espaço) que projetamos sobre eles e se transformam em nós, de volta para nós, como conhecimento, por isto não sabemos como são as coisas em si mesmas; só as conhecemos quando jorramos sobre elas as nossas intuições puras(a priori) de espaço e tempo, que não pertencem a elas, são formas de nossas possibilidades do conhecimento. Recobrimos as coisas com nossas intuições puras(a priori) de espaço e tempo e em nós elas são fenômenos, formas de conhecimento em nós a respeito delas. Nunca saberemos como elas são na realidade delas mesmas, sem esta interferência nossa, elas em si são noumenon e em nós atravessadas pelo lançar nosso do espaço e tempo, são fenômenos. É como queremos demonstrar.

Nenhum comentário:

Postar um comentário